Mostrar mensagens com a etiqueta Divagações. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Divagações. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Os bebés do ano

Acho piada a todas as reportagens que se fazem no fim/princípio de um ano, tanto as que enunciam os desastres e as peripécias (tipicamente, mais os desastres, como é habitual), como aquelas que vão a hospitais dar tempo de antena a bebés perfeitamente normais pelo simples facto de serem o primeiro ou último do ano. No último caso até nos dão informação sobre a altura e o peso do bebé, porque afinal de contas, este bebé é o Messias do nosso país e temos que garantir que cresce saudável.

Também é engraçada toda a fanfarra que se faz em volta da passagem de ano, com todos os foguetes e espectáculos (e às vezes bebedeira, se bem que isso não seja exclusivo a esta ocasião). Ou aquela estranha tradição de comer 12 passas à noite na esperança de que algum desejo da pessoa que as ingere seja realizado. Espero que hoje em dia ninguém acredite nisso, mas convém lembrar que há gente (maioritariamente crianças) que acredita no Pai Natal, por isso não digo nada.

Com tudo isto, não quero dizer que não seja divertido fazer este tipo de festa, nem que a passagem de ano seja uma má altura para a fazer, mas simplesmente que não tem significado nenhum, ao contrário do que aparenta. Em boa verdade, a cada instante, começa um novo segundo, um novo minuto, uma nova hora, um novo dia, um novo mês e um novo ano, bem como outro qualquer período de tempo que possa vir à cabeça de alguém.

No fundo, celebrar o ano novo é como viajar numa auto-estrada e parar na berma para festejar de cada vez que se faz dez quilómetros. Prefiro guardar as comemorações para quando há, de facto, motivo para comemorar.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Os mortos também têm direitos

De todos os objectos inanimados que existem, aqueles que são tratados com mais respeito e reverência são, sem dúvida, os cadáveres. Qualquer outro objecto, quando se estraga ou deixa de ser útil, é simplesmente atirado ao lixo sem cerimónias. Mas se se tratar de um cadáver, tem direito a ser acondicionado numa caixa, a um lugar reservado no subsolo, e a ter uma pedra com o seu nome a marcar esse lugar, completa com flores e todos os outros adereços que os visitantes se lembrem de lá deixar.

Mesmo nos casos em que os familiares são espertos e o cadáver é cremado, a situação não é famosa. Aparentemente, até as cinzas de um defunto têm que ser tratadas e armazenadas de forma condigna. Pergunto-me o que distinguirá as cinzas de um morto das cinzas resultantes da combustão da madeira, ou do papel, ou de outra matéria orgânica qualquer.

E ainda há os funerais. As pessoas, que já estão, sem dúvida, magoadas com a perda dos seus entes queridos, decidem, contra toda a racionalidade, esfregar sal nas feridas e organizar uma cerimónia com o único propósito de pôr toda a gente que for ainda mais triste (Não, os funerais não servem para honrar ninguém. Não se pode honrar uma pessoa que não existe). É das coisas mais contraproducentes que existem, desperdiçar a vida para chorar a morte.

Para quê tudo isto? Para quê todas estas mordomias concedidas aos mortos? É suposto fazer alguém feliz? Os mortos com certeza que não, visto que não têm sentimentos; e os vivos ainda menos, porque a única coisa que fazem é ficar mais tristes do que o que já estão. É tempo, espaço e dinheiro que podia e deveria ser gasto em benefício dos vivos, e não em prol de gente que já nem sequer existe.

Quantas lágrimas e sofrimento se poupariam se as pessoas fossem mais céleres a ultrapassar as suas perdas...

domingo, 5 de junho de 2011

FMI, je t'aime

Finalmente, depois de seis anos de (maioritariamente) asneiradas, José Sócrates, primeiro-bobo ministro deste canto da Europa, vai perder as eleições - tecnicamente, ele "ganhou" as de 2009, embora com maioria relativa, o que acabou por lixá-lo quando toda a oposição se juntou para chumbar o novo e melhorado PEC 4. Não tendo coragem para continuar, demitiu-se. É de facto um acto algo cobarde, mas os portugueses agradecem, creio.

Neste momento, a crer nas sondagens, o PSD vai ganhar as eleições com maioria relativa. Embora ache que a cena política portuguesa poderia estar mais equilibrada (se bem que eu pouco percebo do assunto), fico satisfeito por ver que já não há maioria absoluta para ninguém. Assim o partido vencedor não pode fazer simplesmente o que lhe dá na real gana, o que, está mais que provado, é altamente prejudicial para o país.

Não segui com atenção a campanha, mas hoje li no jornal que o Louçã apelidou o PS, PSD e CDS de "troika-tintas". A designação é acertada, visto que, nas actuais circunstâncias, estes três partidos pouco não são do que "uma coligação de fiscais do FMI", também nas sábias palavras do líder do Bloco de Esquerda. Embora seja lamentável que tenha sido preciso um pacto com o diabo FMI para salvar o país, há que ter em conta que o FMI tem, provavelmente, mais competência para governar Portugal do que a maioria dos políticos portugueses. Entre Sócrates e o FMI, prefiro definitivamente o FMI.

Ainda assim, tendo dito isto, há que ter em conta que Pedro Passos Coelho, que eu me lembre, nunca governou este país. Apesar de ser difícil fiar-me em políticos de qualquer estirpe, vou dar-lhe o benefício da dúvida; pode ser que desta vez nos saia alguma coisa de jeito. Portanto, não lancemos ovos antes da festa.

Sinceramente, não faço ideia em quem haveria de votar, se tivesse idade para tal. Possivelmente votaria em branco. Simplesmente não sou capaz de me fiar muito em qualquer um dos partidos. Embora, claro, espere que o partido que ganhar as eleições faça um bom trabalho (para variar) e bom uso da ajuda externa que Portugal vai receber nos próximos anos.

Todos nós sabemos que bem é preciso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dos grevinistas

Isto já se está a tornar ridículo. Se esta greve perpétua fosse realmente beneficiar os maquinistas, até era admissível. Mas não está a dar em nada (aliás, está a prejudicá-los visto que estas coisas são-lhes justamente descontadas no salário), pelo que se conclui que os indivíduos ou são extremamente burros (muito pouco provável) ou estão a fazer birra só porque sim. E para além de birrentos, estão ser bastante egoístas. Têm noção dos milhares de pessoas que andam de comboio (nota: eu incluído) neste país? Têm noção que estão a atrapalhar as deslocações desta gente toda completamente em vão? Pensam que toda a gente tem/pode ter/quer ter um carro? Por muito mal que estejam, é imperativo que entendam que continuarem com esta birra não vai levar ninguém a lado nenhum, tanto em sentido literal como figurado.

Se estamos realmente num buraco, então parar de trabalhar de certeza não nos vai tirar de lá, antes pelo contrário, só nos enterra ainda mais (e depois queixam-se que o país anda mal!). É precisamente em alturas de dificuldade que toda a gente tem que redobrar os esforços para ajudar o país a recuperar.

domingo, 13 de março de 2011

Al-Dominó

Estou absolutamente abismado com o que se está a passar neste preciso momento no Norte de África e no Médio Oriente. Nunca tinha visto uma revolução em cadeia a esta escala e há dois meses nunca teria imaginado que tal iria acontecer. Aqui, é só impressionante, mas na Tunísia e no Egipto, de onde já foram corridos os respectivos ditadores, isto deve ser um sonho. Ou pelo menos será, visto que ambos os países ainda não recuperaram da revolução.

A revolução, aliás, já ali fazia falta há uns tempos. Sabia-se já, e sabe-se ainda mais agora, que a região que agora está on fire é o habitat de regimes ditatoriais tão ou mais repressivos do que o nosso no seu auge, o que tem resultado não só na habitual opressão política mas também em pobreza, desemprego, e desigualdades sociais que fariam o nosso país parecer comunista.




De longe, o caso mais problemático neste momento é o da Líbia. Ao contrário de outros ditadores, que caíram sem grandes derramamentos de sangue, Khadafi parece estar disposto a chacinar todo o povo líbio para se manter no poder, ignorando o facto de que ficará sem ninguém para pilhar, torturar e executar. A resposta dos revolucionários foi igualmente vigorosa, o que levou à libertação da maioria da região este do país. Infelizmente, a partir de ontem o exército do ditador tem ganho terreno e já reconquistou uma cidade e cercou outra (não me lembro dos nomes). Diz-se que, se as tropas chegarem a Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, agora controlada pela oposição, poderão morrer largos milhares de pessoas.

Em virtude desta situação, os pedidos para ajuda internacional têm-se tornado mais intensos. Sinceramente, eu não percebo para que é que serve impor sanções económicas à Líbia. Khadafi é completamente louco. A única forma de o deter é pela força, e certamente que um ataque bem coordenado o esmagaria como uma barata, o que é apenas uma pequena parte daquilo que ele merece pelo mal que infligiu ao povo líbio.

Espero, claro, que não seja preciso descer ao nível daquela criatura e que seja possível levá-la à justiça. Já não pudemos julgar Hitler, não deixemos agora escapar Khadafi (bem, talvez a comparação seja ligeiramente exagerada).

É pena que o inferno não exista, porque seria a pena perfeita para ele.

terça-feira, 1 de março de 2011

Primeiras impressões

Penso que finalmente consegui descobrir por que é que, apesar dos meus medos iniciais, consegui o absolutamente incrível feito de não me ter isolado por completo quando vim para aqui. Ora, parece-me que o factor principal são as primeiras impressões. Apesar de tudo aquilo que construí ao longo dos últimos 6 anos, todos os meus falhanços anteriores estão bem presentes nas mentes de quem me conhece há tanto tempo. Por outro lado, aqui ninguém me conhecia, pelo que tive uma nova oportunidade para deixar uma boa impressão logo ao princípio, o que aparentemente consegui, se calhar até bem demais (às vezes tenho medo de que me suba à cabeça). Também há que ter em conta que estou praticamente no meu "ambiente natural", o que explica por que é que me consigo dar com quase toda a gente (refiro-me a caloiros de Informática, claro, não a faculdade inteira, isso era impossível, mas impossível não existe porque eu provei-o quando vim para cá e fiz a espécie de brilharete em matéria de vida social que já se sabe, portanto nada de usar a palavra impossível, vamos antes usar o termo "não possível" que, embora signifique exactamente a mesma coisa, não é literalmente a mesma coisa, são strings diferentes). Só há uma coisa que me atrapalha: a falta de temas de conversa. Se os meus queridos colegas começam a discutir futebol, ou o jogo X, Y ou Z, ou uma variedade de outras coisas, kaput, como diria um dos meus (já) ex-professores*. Por outro lado, assim que se fala, por exemplo, de programação, eu começo a desdobrar-me. Tendo em conta o curso onde estou, isto até nem é tão mau quanto isso.


Agora, inté, e bom retorno.


* Eu já acabei o 1º semestre. Acho que nem todos ainda tiveram a mesma sorte.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

As mudanças de planos são lixadas

Antes de vir para aqui, o meu plano original, no que a visitas à minha "terrinha" diz respeito, era de a visitar com uma frequência relativamente baixa. Como todos os planos ambiciosos, a vida estragou-me também este. Quase todas as semanas volto a casa dos meus pais, o que me faz sentir ligeiramente hipócrita por tanto ter falado sobre como quase não voltaria mais, e seria instantaneamente independente, etc. etc. típicas conversas à pimpas pimpinela, embora ligeiramente exageradas neste caso. Acho que mesmo naquela altura era um bocado mais realista que isto.

O triste é que eu não volto à terrinha porque me apeteça particularmente ir lá. É mais que eu não tenho quase nada para fazer num fim-de-semana no Porto. Não preciso do tempo para estudar e nunca tenho nada combinado para o fim-de-semana, aliás, quando tenho, é com o johnny e a duda. Na terrinha também não tenho grande coisa para fazer, mas posso jogar playstation e simcity e ver os meus familiares próximos, bem como o johnny e a duda, que também lá vão com alguma frequência.

Daqui a alguns meses, quando eu tiver feito mais ligações do lado de cá, talvez tenha motivos para ficar mais vezes no Porto. Espero bem que sim. Por enquanto, não tenho.
Até breve.

PS - As minhas sinceras desculpas aos 0 leitores deste blog por actualizá-lo com ainda menos frequência do que o habitual.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

É assim, fica assado

Depois de um mês em que estive para falar do assunto, mas fiquei sempre parado a reflectir ou a fazer outras coisas, venho finalmente pronunciar-me sobre a praxe. Uma vez disse que era uma seca, mas mesmo assim sendo dá que pensar.

A primeira coisa que tenho a dizer é que a maior parte do que se faz na praxe não faz sentido: o tratamento dos caloiros como "burros" e o seu consequente rebaixamento (no que incluo tudo desde berrar-lhes a mandá-los fazer flexões. A sério, quem teve essa ideia devia ser assado no espeto, e eu sou piamente contra a pena de morte), as brincadeiras parvas e músicas tão carregadas de asneiras que se passassem na TV seriam reduzidas a "piiiiiiiiiiiii", a necessidade quase constante de picar outros cursos, e a aparente filosofia da parte de alguns doutores de que os caloiros têm mas é que aguentar com tudo e mais alguma coisa, mesmo que fiquem, sei lá, estou aqui a tirar um exemplo sem conexão nenhuma à realidade, cheios de fome.

Convém, porém, dizer já que a praxe na FEUP (na FEUP, porque em certos sítios mais a sul a coisa está bem mais negra do que o que eu descrevi), não é tão má quanto parecerá pelo parágrafo anterior. Vi algumas actividades razoavelmente interessantes desenvolverem-se e participei em várias. Creio que o espírito da praxe aqui é promover o espírito de união entre os caloiros, se bem que de uma forma bastante perversa. Pelo que vejo à minha volta, está a cumprir o seu objectivo. Mesmo a mim deve ter ajudado alguma coisa, nem que seja de forma indirecta.

O principal problema que eu tenho com a praxe não é o espírito que lhe está subjacente. O problema está na forma como esse espírito tem vindo a ser expresso, e que, lamentavelmente, tem vindo a ser mantida por gerações de estudantes, aparentemente apenas por se tratar de uma tradição. Das duas uma, ou a praxe como a conhecemos preserva-se unicamente por ser tradição, o que é absurdo, ou ninguém ao longo dos anos conseguiu inventar uma maneira melhor de integrar os caloiros na vida académica do que humilhá-los e "torturá-los" psicologicamente, o que é perturbador.

Claro, sempre houve pessoas a criticar a praxe, hoje mais do que nunca, mas o seu impacto tem sido muito reduzido. A praxe parece ser muito mais resistente aos efeitos do tempo do que a maioria dos ritos de iniciação, que já caíram em desuso ou estão lá perto. Não consigo entender o motivo disso... Há assim tantos caloiros que gostam tanto da praxe que ficam com vontade de praxar outros? Já ouvi colegas meus a dizer que sim, que querem praxar quando chegarem ao 2º ano. Tenho que lhes perguntar o que lhes anda a passar pela cabeça um dia destes. Se alguém ler isto e me conseguir esclarecer, agradeço.

Posto isto, digo o seguinte: quem é anti-praxe nunca tendo nela participado é estúpido. É perfeitamente aceitável criticá-la, e há muitos motivos para o fazer, mas não se deve criticar sem ter uma opinião informada sobre o assunto. Informações de segunda ou terceira mão não chegam, e mesmo de primeira podem não ser muito fiáveis porque os gostos variam de pessoa para pessoa. A única forma de saber se realmente se gosta da praxe ou não é indo.

Essencialmente, o que eu penso é que a praxe precisa de mudar para algo bastante diferente. Uma vez, alguém disse que a praxe é feita de momentos*. Devia era ser assim desde o princípio e não depois de um mês de rídiculo. Se isso acontecesse e os estudantes se desapegassem da hierarquia podre da praxe, haveria muito menos gente a fazer-lhe oposição pelo simples motivo de que não haveria quase nada a criticar.

Quero frisar que esta é apenas a minha opinião. Há quem concorde com ela e quem discorde. Quem quer ir à praxe é livre de ir e quem quiser praxar é livre de praxar quem quiser ser praxado. Eu, pessoalmente, vou manter-me neutro. Não trajarei nem praxarei no próximo ano. Já não vou à praxe desde o baptismo, principalmente porque já me cansei dela (apesar de agora se ter tornado mais interessante). Pela parte que me toca, a praxe acabou.

A não ser claro, que eu resolva reaparecer temporariamente na Queima ;)

* Defino momentos como actividades que possuam um valor lúdico e/ou instrutivo e que não sejam um completo disparate nem tenham como objectivo rebaixar os caloiros.

sábado, 11 de setembro de 2010

Faculdade, areia e pudins

Bem, fui colocado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (puxa, que nome mais comprido), no curso de Engenharia Informática e Computação. É curioso notar que há uns dias atrás estava a ficar francamente nervoso e agora, a poucos dias de me deslocar ao Porto, estou perfeitamente calmo. Vá-se lá entender o meu cérebro... Já tenho algumas coisas preparadas para levar para o meu estaminé. E pronto, é tudo. Este tempo antes de ir para a faculdade é mesmo uma seca. Deve ser por isso que passa tão devagarinho. Agora estou de volta ao normal, ansioso para que chegue o dia 13 (que felizmente não é uma sexta-feira). Até da programação, meu "amor", me consigo cansar. Há erros que são muito, muito cansativos de corrigir (às vezes preciso de fazer pausas), mas vale a pena, pois no final tenho um programa a funcionar devidamente. Também tende a ser um pouco difícil escolher qual das várias ideias mais ou menos úteis que tenho na cabeça implementar (não, não é "implantar") a seguir, como se eu não tivesse mesmo mais nada em que pensar, co' esta cena da fac & tudo, pá. Tenho a certeza de que quando chegar lá não terei problemas em manter-me ocupado... possivelmente, até um pouco ocupado de mais. Mas "creio" que hei-de conseguir resolver isso tudo. Bem, tenho de conseguir, não é verdade? Voltar atrás é que não, isso não é mesmo nada fixe. Eu quero é fazer coisas fixes. O ócio irrita-me mesmo, . Às vezes 'tou na praia e aquilo torna-se numa grande seca porque não há mesmo nada para fazer a não ser olhar para a areia. Lembro-me daquela vez em que o johnny e a duda e mais alguém estiveram acampados na mesma praia que eu, isso foi muito bom, nem seca nem coisa que se pareça, os meus pais até devem ter ficado um pouco chateados por eu os "abandonar" daquela forma crudelíssima. Enfim, hei-de ter saudades (saudades "à pimpas") desta gente, mas não serão horripilantes, até porque nos podemos voltar a ver, para alguma coisa existem os comboios e a Internet, são todos meios de transporte, um físico, outro virtual, mas que transportam, transportam, carago (como supostamente se diz no Porto, ainda vamos a ver se apanho a pronúncia portuense (não é portista, isso é outra coisa), uns apanham, outros não, eu pessoalmente gosto da minha voz como está agora, apesar de sair para aí uma oitava acima do que devia em qualquer tipo de gravações, como aquele filme que eu fiz com o johnny e a duda e a daniela e a xana e mais alguém que também lá estava, sim, esse filme foi muito bom, ficou um bocado esquisito mas fizemos todos bem o nosso papel, pelo menos isso é o que se vê no filme, porque as gravações, essas contam uma história bem diferente (só não digo "meu deus" por ser ateu), quantas tentativas foram necessárias para arranjar uma cena que saísse bem, as vezes todas que tivemos que fazer gravações de cara com o guião atrás da câmara (exercício para os fãs do nosso filme: procurem os guiões) para evitar enganos nas falas, e ainda assim o nosso trabalho ficou com os pudins trocados, essa cena é hilariante, então os erros todos que se encontram nas gravações são de chorar a rir, aquela compilação de bloopers não mostrava tudo, hihihihi, ainda hoje me rio a ver aquilo, "ai não se preocupe com o pudim, QUAL PUDIM?", resposta: aquele que eu estava a segurar). E em cima disto tudo vou dar com um conjunto de pessoas que não conheço de lado nenhum mas que sei já à partida que estou muito interessado (devo estar) em conhecer, alguns amigos dali sairão, talvez arranje uma cara-metade por aí, não que falte um bocado à minha, mas dá sempre mais jeito ter uma cara e meia. E pronto, é tudo, logo se vê como se resolve isto tudo, de preferência com um final feliz do género "e viveram todos felizes para sempre."

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Uau, nós somos mesmo poderosos, pá

Estive recentemente a pensar nisto... Normalmente, nem reparamos de tão ocupados que estamos com outras coisas, mas o progresso tecnológico dos últimos 20 anos é verdadeiramente impressionante. Quem, em 1990, diria que hoje teríamos computadores capazes de recriar fielmente ambientes reais e processar montanhas de dados numa fracção de segundo, ou que seríamos capazes de armazenar bibliotecas inteiras numa caixa do tamanho de uma mão, ou que teríamos redes rápidas o suficiente para transferir quantidades maciças de dados em alguns minutos? E que, graças à Internet, poderíamos encontrar informação sobre quase qualquer tópico com apenas alguns cliques? Nunca a humanidade teve tamanho poder nas suas mãos.

Infelizmente, ainda não tiramos o máximo partido desse poder, e o mais provável é que quando o conseguirmos, os nossos esforços sejam ultrapassados pela última geração de computadores, que, possivelmente, farão os actuais supercomputadores parecerem brinquedos. Uma coisa é certa; esse poder está nas mãos de cada vez mais pessoas. Hoje, não é preciso muito conhecimento prévio para se aprender a usar um computador, pelo menos assim me parece (corrijam-me se estiver errado). Entre toda essa gente, haverá um número significativo de potenciais programadores, que são as pessoas que tornam possíveis todas as coisas fantásticas (ou não) que se podem fazer com um computador e que, embora pareçam simples, são bastante complexas. Têm, efectivamente, o poder de mudar o mundo, como é demonstrado pelos avanços tecnológicos dos últimos anos.

E, sim, eu tenciono juntar-me a esta gente. Para a maioria das pessoas, parece uma coisa extremamente desinteressante e esotérica, mas para mim não é. Não me julgo capaz de mudar o mundo, mas acho que consigo fazer alguma coisita significante... de qualquer forma, não me vejo mesmo a fazer outra coisa.

(É curioso que já quando era miúdo dizia que queria ser programador. Parece que o meu eu de há 10 anos atrás acertou em cheio!)

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Subsídio de estupidez

Em Portugal, tem-se observado, desde há algum tempo, uma estranha obsessão por parte de sucessivos governos em tentar "salvar" - da miséria, por meio de inúmeros subsídios, e da ignorância, através da trivialização do "sucesso escolar" (ex.: "Novas Oportunidades") -, pessoas que, como é evidenciado pelos resultados de tais campanhas, nunca hão-de deixar de ser as criaturas vazias, inúteis e degradadas que são actualmente. Estas pessoas caracterizam-se por uma espantosa falta de carácter moral, abusando prontamente da "boa vontade" do estado e de outros e agindo como crianças pedinchonas que não têm mais nada para fazer. Tipicamente, só querem dinheiro, e não, por exemplo, comida, da qual precisam para sobreviver. Eu não estou a tirar estas ideias do nada, vieram de algumas histórias que ouvi a respeito destes indivíduos e que, apesar de tristes, não me surpreendem. São os tipicamente apelidados de "mais desfavorecidos", designação que pode ser verdadeira se se assumir que se refere à inteligência dos sujeitos que descreve. Existem, certamente, muitas pessoas decentes que vivem na miséria, mas, infelizmente, não parece ser a essas que os esforços do governo actual e de anteriores se dirigem.

Como eu disse, os "mais desfavorecidos" nunca sairão da cepa torta por muitos subsídios e "oportunidades" que se lhes dêem. Tudo que essas medidas fazem é permitir-lhes sobreviver, mantendo-se, porém, na miséria e na estupidez, a segunda frequentemente causa da primeira. Ou seja, em vez de eliminarem a degradação, perpetuam-na. Os degradados ficam na mesma, e o resto da sociedade fica a perder, pois tem que lidar com os problemas causados por um grupo de pessoas que nada faz de útil e só consegue viver à custa dos outros, ao mesmo tempo que os atrapalha. Só resta, portanto, uma única explicação para esta aparente tentativa de salvar os insalváveis: o culto do politicamente correcto com o objectivo de obter votos e apoio popular. Os "apoios sociais" aos pobres costumam ser um trunfo muito brandido pelos partidos, especialmente durante as campanhas eleitorais, pelo que continuarão mesmo que só sirvam para desperdiçar dinheiro e tornar o estado ainda mais ineficiente, bem como atrasar o já de si lento progresso da sociedade portuguesa.

À luz da natureza dos indivíduos "apoiados", penso que a única forma de solucionar esta situação ridícula é cortar todos os apoios a esta gente. Deixem apodrecer nas ruas e morrer à fome aqueles que apenas contribuirão para a degradação mental deste país. Pode ser que, então, a selecção natural entre em funcionamento, a inteligência do português médio suba e o nosso nível de desenvolvimento se aproxime do de países mais evoluídos. Caso contrário, as pessoas inteligentes vão continuar a fugir daqui e este país cairá cada vez mais fundo na mediocridade, até que não haja possibilidade de o recuperar e colapse de vez.

sábado, 26 de junho de 2010

Planos de escrita

Neste momento, estou a escrever uma história de ficção e, como estou no princípio, tenho andado aflito para dar fio à meada. Isto porque a acção não está bem definida, e as personagens ainda menos. Em muitas das vezes que pegava na história, conseguia escrever menos de uma página.

De facto, começar uma história longa pode ser uma tarefa desencorajadora, de tão difícil que é. Especialmente quando o escritor é uma pessoa excepcionalmente indecisa e minuciosa. Em muitos casos, deparo-me com uma variedade de formas de continuar a acção e nenhuma me parece satisfatória, ou porque é demasiado inverosímil, ou porque contradiz aquilo que já aconteceu, ou porque simplesmente não soa bem. Este último problema ocorre-me mais frequentemente com certas frases; houve uma no capítulo 1 da minha nova história que demorou horas para escrever!

Agora, com dois capítulos acabados, tenho a tarefa mais facilitada, bem como algumas ideias sobre como fazer uma boa história. Penso que, ao contrário do que se poderia fazer, criar um plano logo ao princípio não ajuda, porque, durante a escrita, vão surgindo novas ideias que alteram o rumo da narrativa, exigindo constantes mudanças nos planos. Para além disso, uma história toda planeada desde o princípio tenderá a ficar insossa porque ficará demasiado coerente e previsível. Sem planeamento, a escrita imita a vida real, o que resulta em textos mais verosímeis.

Porém, planear um pequeno número de capítulos de uma vez tende a funcionar bem em alguns casos (eu próprio já o fiz), visto que aí há uma menor margem para divergências e é mais fácil definir pormenores daquilo que se vai fazer. Mas acho que esse planeamento funciona melhor quando já se escreveu um bom bocado da história e não se está a pensar num vácuo.

Pode ser que amanhã (bem, hoje) consiga escrever alguns parágrafos do capítulo 3.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Divinos peluches

Apesar dos avanços tecnológicos e culturais das últimas décadas, grande parte da população mundial continua a agarrar-se a ideias retrógradas sem sentido. Estou a falar, nomeadamente, da religião. A religião surgiu na Pré-História com vários objectivos, uns bons e outros maus, por exemplo: explicar fenómenos naturais que as pessoas não compreendiam, unir grandes grupos de pessoas desligadas umas das outras, estabelecer princípios morais e justificar a autoridade dos líderes. (Penso que a primeira explicação é a mais provável, mas não me parece que exista um consenso sobre essa matéria.)

Porém, independentemente dos motivos que levaram ao seu aparecimento, a religião é um absurdo. Não existe nenhum fenómeno observável no Universo que possa ser plausivelmente atribuído a alguma divindade. As muitas e graves falhas do mundo em que vivemos contradizem a existência de um ser omnipotente e sumamente bom. As histórias que supostamente explicam o aparecimento de deuses contêm elementos que são indubitavelmente fictícios, o que descredibiliza o resto da história. A título de exemplo: Jesus Cristo pode muito bem ter existido há 2000 anos atrás, mas de certeza não ressuscitou ao terceiro dia, como diz a Bíblia. Nem mesmo hoje conseguimos fazer isso.

Se assim é, por que é que a religião subsiste? Penso que isso acontece porque as pessoas insistem em agarrar-se a alguma coisa e fingir que essa coisa as protege de todos os males concebíveis, por serem, aparentemente, incapazes de enfrentar a realidade tal como é. Nesse aspecto, a religião está para os adultos como os ursinhos de peluche estão para as crianças.

Por fim, há que ter em conta que os ideais religiosos, ao longo dos séculos, têm servido de desculpa para toda a espécie de guerras e massacres, enquanto que não estou a par de nenhuma ocorrência em que a crença em deus algum tenha melhorado significativamente a vida de seja quem for. Não ficaria a humanidade, então, melhor se a religião deixasse de existir?

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dêem-me um exame e eu deitarei abaixo o mundo

Apesar de as aulas terem acabado hoje, ainda há um último obstáculo a ultrapassar antes que nos possamos ver livres do secundário para todo o sempre. Esse obstáculo é a realização dos exames nacionais, que são cruciais para se poder ingressar numa universidade e, posteriormente, obter um emprego decente.

Em resultado disto, e como alguns sabem muito bem e outros, possivelmente, preferirão não recordar, a aproximação da época de exames provoca um súbito e tremendo nervosismo em (aparentemente) 99,9% dos alunos. As consequências deste nervosismo variam, mas, em muitos casos, afectam negativamente as notas obtidas pelos ditos alunos nos exames.

Este nervosismo é sintomático daquilo que está mais errado nos exames: a sua importância exagerada para a continuação da vida académica e profissional dos estudantes. Uma falha grave num exame, ao contrário do que aconteceria noutro momento qualquer do ano lectivo, pode ter consequências catastróficas a longo prazo. Quase não existe a possibilidade de corrigir tais erros - a 2ª e subsequentes fases não contam, visto que é muito mais difícil e moroso entrar na universidade nessas fases do que na 1ª. Existe, portanto, uma enorme pressão sobre os alunos que agora concluem o 12º ano para que obtenham notas elevadas nos exames, especialmente no caso muito comum daqueles cuja média do secundário mal chega para entrar no curso desejado. Isto, como é evidente, cria uma aura de medo à volta dos exames, a qual põe os alunos num estado de nervos.

Por que é que este tipo de avaliação pontual é tão falível? Porque, num dado momento, uma pessoa pode estar sujeita a uma variedade de circunstâncias, muitas das quais não controlam: amnésia, má disposição, e, sobretudo, o nervosismo. Todas estas situações podem alterar drasticamente (e para baixo) a nota do exame, sem terem, no entanto, qualquer relevância para a determinação das capacidades do aluno na matéria que é objecto de exame. Pior, o facto de a nota estar dependente deste tipo de factores contribui para aumentar o nervosismo dos examinandos... sendo o nervosismo um dos factores que acabei de mencionar! Ou seja, a natureza dos exames cria um círculo vicioso de medo, com resultados previsivelmente desastrosos, novamente sob a forma de classificações reduzidas nas provas.

Este círculo só poderá ser quebrado eliminando o problema que o criou em primeiro lugar, a fulcralidade dos exames. Por exemplo, se cada exame tivesse nem que fossem duas chamadas em vez de uma, penso que o problema que existe actualmente seria, no mínimo, significativamente mitigado (pois deixaria de existir a pressão de obter um bom resultado à primeira e única oportunidade). Uma análise um pouco mais profunda e criativa certamente conseguiria chegar a uma solução muito melhor e mais viável.

Os exames, nos moldes em que existem actualmente, são, portanto, uma ideia destinada ao fracasso desde o princípio.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O mundo vai acabar (e eu gosto disso)

Como é sabido, o presente ano lectivo está prestes a terminar. Para a maioria daqueles que, infelizmente, frequentam o 12º ano de escolaridade, a este fim segue-se uma ida prolongada para uma qualquer universidade.

Mal posso esperar que isso aconteça.

Para mim, já chega disto. Estou farto de gastar o meu tempo com coisas que não servem para rigorosamente nada nem me interessam minimamente (Área de Projecto, Português e, especialmente, Educação Física). Em comparação, os cursos de Engenharia Informática que tenho analisado são principalmente compostos por cadeiras sobre matemática e programação (e tópicos relacionados). Maravilha. Pelo menos para mim.

Já desliguei completamente destes trabalhos de xaxa. Só continuo a andar devido à inércia de mais de uma década. Felizmente, não se esgotará totalmente antes que o mundo comece a acabar em 21 de Junho (data do exame de Matemática).

Agrada-me pensar que tudo isto vai pelo cano abaixo dentro de pouco tempo (ao contrário de certas pessoas). A presença constante da minha família próxima. A sucessão constante e fútil dos anos lectivos. Todo este espaço, o meu quarto, esta casa, esta cidade. Tudo este mundo vai acabar por ser obliterado definitivamente da minha vida. Não logo em Setembro, mas passados 1 ou 2 anos. E isso é bom.

Não estou minimamente interessado em prender-me àquilo que será, em breve, o meu passado. Este mundo já passou o prazo de validade há mais de um ano. Está mais que na altura de o trocar por um novo, um mundo onde possa focar a minha atenção em matérias que me interessam, lidar sozinho (de preferência) com quaisquer problemas que me surjam, e estar livre da interferência psicológica provocada pela presença dos meus pais. Soa familiar, não soa?

Não vou esconder que tenho um pouco de medo. Este novo mundo, ainda que altamente aliciante, é-me totalmente desconhecido. Não tenho a mínima ideia do que irei fazer quando chegar a Lisboa ou ao Porto (conforme venha a decidir). Não sei o que (e quem) vou encontrar quando começar a frequentar a universidade, nem como reagir àquilo que me aparecerá a frente. Não sei que métodos terei de adoptar para lidar com o (previsivelmente muito) trabalho que o curso que escolhi me colocará. Não sei como me vou sair na avalanche de interessantes desafios, académicos e não só, que encontrarei.

Como menciona o post da MariaEduarda, há coisas de valor que se vão perder parcialmente. Mais particularmente o contacto com os amigos. Digo "parcialmente" porque, embora, provavelmente, não os vá ver muitas vezes em pessoa, poderei continuar a comunicar com eles, sempre que não estejam atolados em trabalhos. O mesmo vale para a minha família (que não tenciono visitar com muita frequência. A ideia de regressar ao passado é deprimente).

Viver no novo mundo não será fácil ao princípio. Terei que lidar com todos os problemas que já mencionei e outros inesperados que inevitavelmente surgirão. Mas vale a pena, pois ficarei muito mais perto de atingir dois dos meus três principais sonhos actuais: trablhar na minha área de interesse e tornar-me independente dos meus pais. Aliás, o terceiro sonho também poderá realizar-se, dependendo da minha sorte e das habilidades sociais que eu venha a ganhar. Num mundo onde tudo é novo, tudo é possível.

O fim do mundo começa a 21 de Julho e acaba algures em Setembro. O período das férias de Verão, que medeia estas datas será, assim, uma espécie de limbo. Mas um limbo agradável. Pelo menos, assim o espero.

Que venha o fim do mundo!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Anos

Recentemente estive a pensar (como habitualmente) e reparei num aspecto muito curioso da maneira como as pessoas costumam organizar o tempo. Este aspecto consiste na divisão do tempo numa variedade de "anos", cada um com uma definição diferente e variável, tipicamente ligada a uma qualquer instituição. Há o ano civil (o único que dura mesmo um ano), o ano lectivo, o ano fiscal, o ano judicial, e provavelmente muitos mais. Ora, o interessante é que todos estes períodos de tempo não estão alinhados uns com os outros, nem (à excepção do primeiro), duram 365 dias.

Na minha opinião, isto é idiota e só serve para complicar. Se tudo estivesse alinhado com o ano civil, haveria uma correspondência directa entre este e todos os outros. Logo, quando alguém falasse num determinado ano, seria sempre claro do que é que está a falar. Tal não é o caso agora. Quando me dizem "o ano passado", referem-se a quê? A 2009? Ao ano lectivo de 2008/2009? A outra coisa qualquer?

Aliás, inicialmente, eu tinha escrito, por engano, "ano lectivo de 2009/2010", o que só demonstra ainda mais o potencial para confusão.

Que eu saiba, a língua serve para as pessoas se entenderem.

(Sim, este post talvez seja estúpido.)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Oxigénio

Apesar de eu não concordar minimamente com os comentários que os meus dois últimos posts receberam, tenho que admitir que têm uma qualidade. Dão que pensar. Porém, a única coisa que daí resulta é um reforço das conclusões a que já cheguei.

Os argumentos que apresentei até agora não foram, claramente, suficientes para refutar de uma vez por todas as teorias escolistas que os comentadores apresentaram, pelo menos aos olhos destes. Parto agora para o cerne da questão, de forma a iluminar os aspectos que, até agora, permanecem intocados pelos comentadores destes posts.

(...) anseias por um mundo sem regras, ou melhor, uma anarquia.

"O Teu Amigo Imaginário", 17 de Janeiro de 2010

Não, eu não anseio por um mundo sem regras. Não é essa a definição de anarquia e não foi o que eu disse em qualquer um dos posts. Aquilo que eu quero é um mundo sem coerção ou tirania (passe a redundância), em que as pessoas não se julguem no direito de impor a sua vontade aos outros.

De facto, a questão da liberdade é fundamental e dela resultam as duas posições antagonistas que surgem representadas neste blog. É o respeito pela liberdade das pessoas que me leva a defender a posição que defendo, não a "rebeldia" como a Dadinha afirma. Não sou capaz de aceitar uma instituição cujo único propósito é impor conhecimentos, doutrinas e socialização aos jovens. Mesmo que estas três coisas sejam boas (e admito que sejam), a coerção não o é, e isso faz toda a diferença. Ao ignorar este facto, os comentadores não vêem o cerne de todos os meus argumentos.

A liberdade é essencial. É o oxigénio da vida, e tal como morremos fisicamente se não respirarmos, a vida perde o sentido quando não temos liberdade. Assim sendo, respeitar o direito à vida implica, necessariamente, respeitar o direito à liberdade. E quando falo em direitos, não é num sentido legal, mas sim na acepção moral e fundamental da palavra, que transcende as normas de todas as sociedades.

Nem sequer se pode alegar que é necessário desrespeitar a liberdade dos jovens para que eles possam crescer; tudo o que se faz na escola pode ser feito fora dela, com um enorme acréscimo de liberdade, eficiência, e, sobretudo, felicidade - pois viver para aquilo que mais gostamos e que mais nos cativa é o que nos faz mais felizes, e isso não é possível se o nosso tempo estiver a ser usurpado por actividades que não nos interessam.

Afinal de contas, ser feliz é o que realmente interessa no meio disto tudo.

Alguém espatife a centralização

É esta parte que te escapa POR COMPLETO quando
descreves a escola. Muito mais que um lugar para
contribuir para estatísticas, é um centro de amizades.


Pensa nisto.

Dadinha, 17 de Janeiro de 2010

Assim fiz, e tenho tanto a dizer que não cabe num comentário.

Suponhamos que a escola deixava de existir. A acontecer isso (e focando-me na socialização dos jovens, que é o tema em discussão), poderia haver prejuízos, benefícios, ambos ou nenhuns, logicamente.

Que prejuízos à socialização poderiam advir do sumiço da escola? Tal como dito no comentário que citei, a escola, entre outros papéis, serve para concentrar um grande número de pessoas no mesmo espaço, fomentando a socialização.
Sendo assim, a questão é: será a escola insubstituível neste papel? Serão as alternativas capazes de o preencher tão bem quanto a escola?
A resposta à primeira pergunta é um não rotundo. Antes de a escola existir, as pessoas socializavam tal como o fazem hoje, sem terem que ser todas compactadas dentro do mesmo edifício. Hoje, o potencial para a socialização não-escolar é ainda maior que antigamente, devido a dois factores:

  • O aumento da densidade populacional significa que o número médio de pessoas na nossa vizinhança aumentou drasticamente. Existe um grande potencial de socialização numa única rua.
  • A Internet providencia-nos uma ligação quase instantânea a milhões de pessoas do mundo inteiro, a (quase) qualquer momento em que estejam acordadas. Há milhares de casos de pessoas que se conhecem e socializam através da Internet e que não se conheceriam sem ela por estarem a sabe-se lá quantos quilómetros de distância. Efectivamente, a rede alarga a nossa área de potencial socialização ao mundo inteiro (e a qualidade da ciber-socialização melhora na razão directa dos constantes avanços tecnológicos).

Há que ter em conta que estes meios "alternativos" de socialização estão muito subutilizados hoje em dia. Os jovens, tristemente, tendem a socializar muito mais na escola do que em qualquer outro sítio. O que significa que as alternativas seriam perfeitamente capazes de suportar os esforços de socialização das pessoas, caso a escola desaparecesse.

Todos estes factores, combinados, provam que a escola é um meio de socialização inteiramente supérfluo e substituível com um esforço mínimo.
Por si só, isto seria suficiente para refutar o argumento da Dadinha. Mas eu não me contento só com isto, obviamente...

Escola vs. socialização

É tão ou mais importante criar laços
com outras pessoas. Aprender a viver em sociedade.
Trabalhar em grupo. Ter amigos. Rir até doer a
barriga. Dançar. Dizer disparates. Ser feliz!

mesmo comentário de antes

O que a Dadinha diz neste comentário é bem verdade. As actividades que ela enumera são, de facto, benéficas para a saúde mental do ser humano. Ora, o argumento dela é o seguinte:

  • As ditas actividades são benéficas.
  • A escola potencia as ditas actividades.
  • Logo, a escola é benéfica.

A segunda premissa é falsa, terrivelmente falsa, de forma quase irónica. As actividades sociais têm todas uma coisa em comum: requrem tempo e boa disposição para se realizarem. Infelizmente, a escola está tão longe quanto possível de aumentar esses dois factores.
Juntamente com a carga de trabalhos que nos é exigida, a frequência das aulas rouba-nos uma quantidade atroz de tempo, o que significa que a escola, na verdade, estrangula a socialização. Como é que alguém pode socializar se tem "trabalhos" para fazer até ao pescoço?
Depois, devido à completa falta de pertinência e interesse dos ditos trabalhos, o nosso estado de humor tende a piorar quando os fazemos, o que degrada significativamente a qualidade da socialização.

Assim, conclui-se que, caso a escola desaparecesse, a socialização sairia grandemente beneficiada - e não prejudicada, como implica o comentário da Dadinha.

Resumindo e concluindo, a escola não só não beneficia a socialização, como, de facto, a prejudica. Todo o tempo que perdemos a "trabalhar" é tempo que podíamos ter passado a socializar.

Pelo precipício abaixo

Nos últimos dias, a conclusão que já tinha confirmada na minha cabeça consolidou-se ainda mais: a escola é perniciosa. Aliás, é mais do que perniciosa - é fundamentalmente maligna.

Aquilo que me pôs a pensar no assunto foi uma sequência de falas da minha professora de Matemática a respeito do tipo de exercícios que saíam nos exames. Isto levou-me à seguinte cadeia de pensamento:

  1. Os esforços da professora estão concentrados em subir as nossas notas nos exames.
  2. Logo, subir as nossas notas nos exames é a principal preocupação dela.
  3. Logo, o verdadeiro objectivo do trabalho escolar é passar nos exames.
  4. Logo, o verdadeiro objectivo do trabalho escolar não é aprender, como é afirmado pelos acólitos pró-escola.

Efectivamente, o foco de muito daquilo a que hoje se chama "pedagogia" é, na verdade, fazer os "alunos" (tenho algum nojo do termo, daí as aspas) passar em exames, cujo objectivo, por sua vez, é... é... é?

Nenhum. A passagem pelos exames não faz de ninguém uma pessoa diferente nem mais ou menos capaz. Não leva a lado nenhum; apenas cria essa ilusão, à qual são vulneráveis todos aqueles que acreditam no escolismo (religião dos já referidos acólitos).

Os quais constituem a

vasta

maioria da população.

É altura de encarar a verdade: a escola existe num vazio. Está totalmente desligada do resto da sociedade e não serve qualquer propósito útil. Todos os objectivos a que se propõe estão ligados a ela própria e todo o trabalho imposto às suas vítimas tem como únicos objectivos dar trabalho e contribuir para subir um conjunto de estatísticas numéricas, as quais não só são completamente irrelevantes como também não têm qualquer significado.

Temos que admitir: fomos bem enganados. Eu, tu, todos os que lêem este post, e todos os que não o lêem, fomos todos enganados de forma muito hábil e com as piores intenções. Pois uma instituição tão hedionda e que, claramente, trabalha para a sua própria sobrevivência (elaborarei sobre este tema depois) não pode ter sido uma criação acidental. Alguém concebeu este sistema e o tornou realidade, inteiramente consciente daquilo que estava a fazer.

O mesmo, porém, não se pode dizer dos professores e mesmo dos governantes de hoje. Tal como nós, jovens, eles também nasceram e vivem no engodo do escolismo. Cometem males terríveis, julgando honestamente que estão a fazer o bem. Pior (e isto demonstra o quão religioso é o escolismo), nenhuma forma de argumentação, boa ou má, consegue libertar as pessoas do engano; se se disser a um escolista que a escola é má, ele responde com perdigotos, brama que o interlocutor está louco, e faz orelhas moucas a todo e qualquer argumento que contrarie a sua posição. Não pode ver a luz, pois nasceu cego.

E a cegueira mental não tem cura.

Nota: Gostaria de frisar que esta opinião não é, de forma alguma, única ou inédita. Desde há algumas décadas atrás que existe um rol interminável de pessoas a defender o mesmo que eu. Pelo que sei, nada melhorou desde então.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Desabafos

Talvez não seja do conhecimento geral, mas eu, em tempos recentes ou nem por isso, estive um bocado em baixo. Isso, felizmente, acabou, devido a uma coisa que muito provavelmente não tem interesse nenhum para os leitores deste blog. Conseguir programar alguma coisa de jeito ajudou imenso o meu estado de espírito. Sei que ninguém aqui percebe muito de programação, mas comparem isto:

int main (int argc, char** argv) {
    for (int i = 0; i < argc; i++) {
        printf(argv[i]);
    }
}

a isto:

puts $*

É totalmente hilariante. Irei aprofundar este tema mais tarde, mas não agora (embora eu tenha uma vontade quase irreprimível de o fazer).

Antes, vou falar das coisas que ainda não estão bem. Elas andam presas na minha cabeça o tempo todo a dilacerar-me a consciência, e infelizmente, não tenho qualquer espécie de escape para elas (nem chorar consigo). Apesar de ter o cérebro a funcionar a mil à hora, não consigo passar as minhas frustrações para o "papel", pois não consigo formar frases coerentes e estou a pensar em demasiadas coisas ao mesmo tempo. Resultado: umas belas dores de cabeça.

Uma já vai.

Também ando com medo. Não medo da viagem de finalistas, que, tenho eu a certeza, correrá lindamente (mesmo que seja necessário fazer uma fortaleza à minha volta no quarto e recorrer a procedimentos estrambólicos para me fazer passar pelo check-in), mas do meu futuro não-assim-tão-longínquo-como-isso-mas-que-ainda-está-suficientemente-longe-para-me-irritar. Esse futuro, que, provavelmente, envolve coisas como ir estudar para uma universidade, pirar-me de casa dos meus pais, e conhecer pessoas que não aquelas que já conheço há 5 anos, tudo coisas boas, saliente-se, tem um pequeno grande (ou será pequeno e médio?) problema: não consigo prevê-lo. Até agora, o meu futuro tem sido muito previsível e seguro, porque é sempre mais do mesmo (leia-se escola). E, infelizmente, eu odeio esse "mesmo". Tem muito pouco de interessante e muito, mesmo muito, de inútil. É, em geral, um colossal desperdício de tempo. Felizmente, posso usar as minhas habilidades para poupar tempo em trabalhos da escola para ganhar algum tempo para respirar. Mas nem sempre consigo fazer isso, tendência que se manifestou com bastante severidade o ano passado, em resultado de eu desconstruir muito daquilo em que costumava acreditar.

Não importa que possa prever o que me vai acontecer, se o que me vai acontecer é mais da mesma coisa má. E, agora, embora se antevejam coisas boas, estou algo assustado por não conseguir prevê-las, o que é agravado pela minha tendência para tentar ver o futuro daqui a, por exemplo, 5 anos. Quem é que, aos 16 anos, o consegue fazer?

Enfim (suspiro imaginário). Vivamos com fé no futuro (mas não fé cega). Avancemos.

O terceiro e último problema que se mantém é algo que, curiosamente, não me aborreceu muito o ano passado, nem me tem aborrecido este ano. Mas continuo a achar que preciso de amar alguém com toda a força e isso não acontece hoje. Parece-me que será muito difícil encontrar a pessoa necessária para o tornar possível, visto que eu tenho requisitos ligeiramente idiossincráticos.
Mas, com paciência e algum esforço, chegarei lá com certeza. Há tempo.

E pronto, acho que não tenho mais nada a dizer. Desabafos concluídos.