domingo, 17 de janeiro de 2010

Oxigénio

Apesar de eu não concordar minimamente com os comentários que os meus dois últimos posts receberam, tenho que admitir que têm uma qualidade. Dão que pensar. Porém, a única coisa que daí resulta é um reforço das conclusões a que já cheguei.

Os argumentos que apresentei até agora não foram, claramente, suficientes para refutar de uma vez por todas as teorias escolistas que os comentadores apresentaram, pelo menos aos olhos destes. Parto agora para o cerne da questão, de forma a iluminar os aspectos que, até agora, permanecem intocados pelos comentadores destes posts.

(...) anseias por um mundo sem regras, ou melhor, uma anarquia.

"O Teu Amigo Imaginário", 17 de Janeiro de 2010

Não, eu não anseio por um mundo sem regras. Não é essa a definição de anarquia e não foi o que eu disse em qualquer um dos posts. Aquilo que eu quero é um mundo sem coerção ou tirania (passe a redundância), em que as pessoas não se julguem no direito de impor a sua vontade aos outros.

De facto, a questão da liberdade é fundamental e dela resultam as duas posições antagonistas que surgem representadas neste blog. É o respeito pela liberdade das pessoas que me leva a defender a posição que defendo, não a "rebeldia" como a Dadinha afirma. Não sou capaz de aceitar uma instituição cujo único propósito é impor conhecimentos, doutrinas e socialização aos jovens. Mesmo que estas três coisas sejam boas (e admito que sejam), a coerção não o é, e isso faz toda a diferença. Ao ignorar este facto, os comentadores não vêem o cerne de todos os meus argumentos.

A liberdade é essencial. É o oxigénio da vida, e tal como morremos fisicamente se não respirarmos, a vida perde o sentido quando não temos liberdade. Assim sendo, respeitar o direito à vida implica, necessariamente, respeitar o direito à liberdade. E quando falo em direitos, não é num sentido legal, mas sim na acepção moral e fundamental da palavra, que transcende as normas de todas as sociedades.

Nem sequer se pode alegar que é necessário desrespeitar a liberdade dos jovens para que eles possam crescer; tudo o que se faz na escola pode ser feito fora dela, com um enorme acréscimo de liberdade, eficiência, e, sobretudo, felicidade - pois viver para aquilo que mais gostamos e que mais nos cativa é o que nos faz mais felizes, e isso não é possível se o nosso tempo estiver a ser usurpado por actividades que não nos interessam.

Afinal de contas, ser feliz é o que realmente interessa no meio disto tudo.

5 comentários:

MariaEduarda disse...

Olha Roxinho, já não bastava haver uma pseudo-pessoa a comentar o teu blog, há agora uma ainda mais PSEUDO-pessoa (visto que não tem identidade) a comentar o meu.
Pois é, não há um amigo imaginário. Há dois. Já parece uma legiãozinha de fãs.
(o segundo a que me refiro atacou o meu blog. Que o diabo o carregue) :p

Bem, vou ler este teu último testamento e já me pronuncio.

MariaEduarda disse...

Bem, realmente aquela do imaginário foi mesmo ao lado. =O Não tinha reparado.
Mas no fundo, não querendo defender uma figura que é tão credível como a de Deus (ou seja, zero), temo ver-me obrigada a concordar com o propósito da frase redigida pelo pseudo-anónimo.

Não é compreensível o facto de advogares a anarquia! Como queres viver num mundo sem uma instituição superior que governe? Como queres respeito se não houver ninguém a definir esse conceito de modo igual para todos? Se me dissesses que não concordas com o governo que tens agora, com o sistema de educação e jurídico actual, eu entendia. Agora, anarquia?! Enfim, deixo este debate para depois.

E a escola? "instituição para impor conhecimentos"?! Mas o que é que tu fumaste? Tu não estás bem, não estás mesmo. Explica-me lá como é que te querias formar?

Por mais tretas que arranjar para justificar uma posição tão absurda como a tua, não consegues. Precisas da escola! Ninguém te impõem conhecimentos. Tu precisas deles, quer querias, quer não. Aliás, tu nem tens razão para te queixares. Sabes que tens uma capacidade extrema para decorar coisas. Nada que uma meia horinha a olhar para o livro não resolva.
Ninguém te asfixia! Ninguém! Dão-te trabalho, e daí? Morres por isso?
E mais! Tu és muito beneficiado em relação aos outros, e sabes perfeitamente disso (especialmente em educação física).

Sabes uma coisa? Tens ainda um longo caminho de crescimento. Tens de entender que primeiro se tem de respeitar a liberdade dos outros para poderem respeitar a tua.

Aquele teu último parágrafo é, SEM DÚVIDA, a coisa mais R-I-D-I-C-U-L-A que li nos meus quase-18-anos de vida. É absurdo! Já reparaste que tu é que és a excepção? Que tu é que és o tal que decora as coisas todas? Que tu é que não és capaz de manter uma relação estável com as pessoas? Que tu é que não consegues respeitar os outros? Que tu é que, exagerando a tua diferença, queres ser tratado como igual?
Tu és o único que (anormalmente) consegue ficar fechado em casa o dia todo sozinho e não sente a falta de nada. Tu és o único que consegue marrar tudo e mais alguma coisa (não significando que entendas tudo o que decoras). Uma pessoa normal precisa da escola. Precisa de aprender! Precisa de saborear as matérias, uma de cada vez, para entender as coisas. E mais que tudo, precisam da companhia de outros! Das gargalhadas e dos abraços! Entende de uma vez por todas que és o único que precisa desesperadamente de ser diferente e de querer o que mais ninguém quer.

Aliás, sabes que mais? Concordo com o texto. Se calhar a escola não é lugar para ti. Quer dizer, não fazes lá falta. Se achas que poder ter o privilégio de passar um dia (ou 5) com os teus amigos, e estar com eles nas aulas, nem és digno da trabalheira que dás aos teus amigos. Talvez nem valha a pena lutar por ti.

Olha, faz o que quiseres. Tu é que sabes da tua vida. Sabes sempre onde me encontrar.

Beijinhos

The Purple Teen Wizard disse...

Bem, desta vez vou responder num comentário normal.

Como queres viver num mundo sem uma instituição superior que governe? Como queres respeito se não houver ninguém a definir esse conceito de modo igual para todos?
Apenas dizes isso, porque nunca tentaste formular o teu próprio código ético, tal como a maioria das pessoas - o que faz com que te agarres firmemente à verborreia que o estado regurgita. Respondendo à segunda pergunta, toda a gente sabe o que é, por exemplo, uma mesa ou uma porta, sem ter que haver um decreto a dar a definição. Por que não pode suceder o mesmo com conceitos como o de respeito?
(Volto a frisar que nenhum dos três posts sequer fala em estabelecer uma anarquia)

Explica-me lá como é que te querias formar?
A escola não detém um monopólio na aprendizagem. Sabes, aprender sozinho é muito bom. Falo por experiência própria (e recente). Experimenta, dá óptimos resultados.

Ninguém te impõem [sic] conhecimentos. Tu precisas deles, quer querias [sic] quer não.
Oh, sim, ninguém te impõe conhecimentos. Só ficas "presa" na escola se não os engolires.
Espanta-me que tenhas a arrogância de afirmar que seja quem for tem qualquer espécie de legitimidade para decidir do que eu preciso ou não! Ou vais dizer-me que achas perfeitamente bem, por exemplo, a palhaçada apelidada de "contrato de leitura"? Mudaste subitamente de posição relativamente a esse assunto, foi?

Tu és muito beneficiado em relação aos outros, (...)
Portanto, eu faço uma crítica duríssima a todo o sistema escolar, e tu achas que benefícios dentro da escola me vão fazer mudar de posição?

Sabes que tens uma capacidade extrema para decorar coisas. (...) Ninguém te asfixia! Ninguém! Dão-te trabalho, e daí? Morres por isso?
Morro. Não por ter trabalho, por mim podia estar cheio de trabalho até ao tecto. Desde que o trabalho seja escolhido por mim, como é óbvio. Enquanto o meu tempo for roubado por coisas que não me interessam, tenho motivo de queixa.
Só porque tenho uma "capacidade extrema para decorar coisas", não quer dizer que tenha que a usar sempre que mo exigem.

Tens de entender qe primeiro se tem de respeitar a liberdade dos outros para poderem respeitar a tua.
Portanto, eu escrevo um texto inteiramente dedicado a defender a liberdade de todos... e tu vens dizer que eu não respeito a liberdade dos outros. Diz lá um exemplo de um caso em que eu tenha desrespeitado a liberdade de alguém.

(...) precisa da escola. Precisa de aprender!
"escola" não é sinónimo de "aprender".

(...) a escola não é lugar para ti.
A essa conclusão já eu cheguei há muito tempo.

Tu é que sabes da tua vida.
Exactamente o que eu peço que as pessoas aceitem. Nada mais.

Pseudo-beijinhos

MariaEduarda disse...

sabes o que te digo?

ÉS UM (triste) SOLITÁRIO. mesmo que ainda não o saibas.

MariaEduarda disse...

lá no fundo, tenho pena de ti.
Despeço-me assim dos comentários no teu blog.

Pseudo-beijinhos