terça-feira, 8 de junho de 2010

Dêem-me um exame e eu deitarei abaixo o mundo

Apesar de as aulas terem acabado hoje, ainda há um último obstáculo a ultrapassar antes que nos possamos ver livres do secundário para todo o sempre. Esse obstáculo é a realização dos exames nacionais, que são cruciais para se poder ingressar numa universidade e, posteriormente, obter um emprego decente.

Em resultado disto, e como alguns sabem muito bem e outros, possivelmente, preferirão não recordar, a aproximação da época de exames provoca um súbito e tremendo nervosismo em (aparentemente) 99,9% dos alunos. As consequências deste nervosismo variam, mas, em muitos casos, afectam negativamente as notas obtidas pelos ditos alunos nos exames.

Este nervosismo é sintomático daquilo que está mais errado nos exames: a sua importância exagerada para a continuação da vida académica e profissional dos estudantes. Uma falha grave num exame, ao contrário do que aconteceria noutro momento qualquer do ano lectivo, pode ter consequências catastróficas a longo prazo. Quase não existe a possibilidade de corrigir tais erros - a 2ª e subsequentes fases não contam, visto que é muito mais difícil e moroso entrar na universidade nessas fases do que na 1ª. Existe, portanto, uma enorme pressão sobre os alunos que agora concluem o 12º ano para que obtenham notas elevadas nos exames, especialmente no caso muito comum daqueles cuja média do secundário mal chega para entrar no curso desejado. Isto, como é evidente, cria uma aura de medo à volta dos exames, a qual põe os alunos num estado de nervos.

Por que é que este tipo de avaliação pontual é tão falível? Porque, num dado momento, uma pessoa pode estar sujeita a uma variedade de circunstâncias, muitas das quais não controlam: amnésia, má disposição, e, sobretudo, o nervosismo. Todas estas situações podem alterar drasticamente (e para baixo) a nota do exame, sem terem, no entanto, qualquer relevância para a determinação das capacidades do aluno na matéria que é objecto de exame. Pior, o facto de a nota estar dependente deste tipo de factores contribui para aumentar o nervosismo dos examinandos... sendo o nervosismo um dos factores que acabei de mencionar! Ou seja, a natureza dos exames cria um círculo vicioso de medo, com resultados previsivelmente desastrosos, novamente sob a forma de classificações reduzidas nas provas.

Este círculo só poderá ser quebrado eliminando o problema que o criou em primeiro lugar, a fulcralidade dos exames. Por exemplo, se cada exame tivesse nem que fossem duas chamadas em vez de uma, penso que o problema que existe actualmente seria, no mínimo, significativamente mitigado (pois deixaria de existir a pressão de obter um bom resultado à primeira e única oportunidade). Uma análise um pouco mais profunda e criativa certamente conseguiria chegar a uma solução muito melhor e mais viável.

Os exames, nos moldes em que existem actualmente, são, portanto, uma ideia destinada ao fracasso desde o princípio.

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