domingo, 27 de junho de 2010

Promoção Alçada: chumbe um, passe dois

Esta é outra ideia que é completamente descabida. Como é que diabo um aluno que chumbou no 8º ano vai conseguir passar nos exames do 9º e estudar a matéria do 10º? Penso que é humanamente impossível, a não ser que esses exames sejam ridiculamente fáceis. E mesmo que fosse possível, a darem-se oportunidades destas, por que não dá-las a quem as poderia aproveitar, nomeadamente alunos com notas excelentes (como cincos a quase tudo), em vez de as dar a quem menos as merece? Chamam a isto "facilitista", mas eu não estou a ver esta ideia a facilitar o percurso escolar de nenhum aluno, a não ser que se trate de um craque que chumbe de propósito para saltar o 9º ano, coisa que me parece muito pouco plausível.

Isabel Alçada defende esta medida dizendo que é "transitória", o que é irrelevante para o assunto. Não interessa se é transitória, é ridícula. E, nesta lenta imitação de país, muitas coisas "transitórias" acabam por se tornar permanentes. E ainda mais ridículas do que o que já são.

sábado, 26 de junho de 2010

EB de Fitares: fazem-se casamentos

No dia 24, li uma notícia bizarra no jornal i: constava que, na noite do sábado anterior, uma empregada do refeitório da Escola Básica de Fitares tinha realizado a sua festa de casamento na escola. A festa, ao que parece, foi tão animada que até se dispararam tiros de madrugada. A parte mais hilariante, porém, é que a festa foi autorizada pela directora da escola, que está de consciência tão tranquila que mandou calar toda a gente dentro da instituição.

Não entendo como é que uma coisa destas acontece. Mas por que raio havia alguém de se lembrar de festejar um casamento numa escola? Só um cemitério seria um local menos apropriado para fazer tal coisa, ainda por cima a meio da noite, quando, supostamente, as escolas fecham todas.

Se alguma coisa demonstra a incompetência de certas pessoas neste país, é isto. A senhora directora, quando confrontada com o sucedido, desviou imediatamente a conversa e afirmou que "todos os dias há assaltos nas escolas" (referindo-se a um furto que ocorrera na mesma escola na sexta-feira anterior à noite), o que, tecnicamente, é mentira porque, segundo o Ministério da Educação, não há assaltos que cheguem para todos os dias do ano. Como diz este bloguista e bem, por que diabo é que nem se fecha aquela escola nem se demite a direcção? Típica incompetência portuguesa (peço desculpa pela repetição, mas isto não tem mesmo outro nome).

Planos de escrita

Neste momento, estou a escrever uma história de ficção e, como estou no princípio, tenho andado aflito para dar fio à meada. Isto porque a acção não está bem definida, e as personagens ainda menos. Em muitas das vezes que pegava na história, conseguia escrever menos de uma página.

De facto, começar uma história longa pode ser uma tarefa desencorajadora, de tão difícil que é. Especialmente quando o escritor é uma pessoa excepcionalmente indecisa e minuciosa. Em muitos casos, deparo-me com uma variedade de formas de continuar a acção e nenhuma me parece satisfatória, ou porque é demasiado inverosímil, ou porque contradiz aquilo que já aconteceu, ou porque simplesmente não soa bem. Este último problema ocorre-me mais frequentemente com certas frases; houve uma no capítulo 1 da minha nova história que demorou horas para escrever!

Agora, com dois capítulos acabados, tenho a tarefa mais facilitada, bem como algumas ideias sobre como fazer uma boa história. Penso que, ao contrário do que se poderia fazer, criar um plano logo ao princípio não ajuda, porque, durante a escrita, vão surgindo novas ideias que alteram o rumo da narrativa, exigindo constantes mudanças nos planos. Para além disso, uma história toda planeada desde o princípio tenderá a ficar insossa porque ficará demasiado coerente e previsível. Sem planeamento, a escrita imita a vida real, o que resulta em textos mais verosímeis.

Porém, planear um pequeno número de capítulos de uma vez tende a funcionar bem em alguns casos (eu próprio já o fiz), visto que aí há uma menor margem para divergências e é mais fácil definir pormenores daquilo que se vai fazer. Mas acho que esse planeamento funciona melhor quando já se escreveu um bom bocado da história e não se está a pensar num vácuo.

Pode ser que amanhã (bem, hoje) consiga escrever alguns parágrafos do capítulo 3.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O mundo acabou.

O exame de Matemática já está feito. Agora já estou oficialmente de férias. Fantástico. Agora só faltam alguns meses para me ir embora. Entretanto, vou (tentar) aproveitar a luz solar que, a partir de hoje, vai começar a escassear. (Não devia ter mencionado isto, é um bocado deprimente.)

Já agora, neste momento estou a assar de calor e é quase meia-noite. Que diabo se passa?

Pelos vistos, afinal as salsicheiras existem mesmo. Tomem lá, comentadores imprevidentes.

domingo, 20 de junho de 2010

Exame de matemática, aí vou eu

Amanhã o mundo vai acabar. Logo no dia mais longo do ano. Seria uma enorme desfeita se eu não quisesse que o mundo acabasse.
Bem, isto assumindo que não me esqueço de:
  • Não confundir maior com menor.
  • Ver bem onde é que acabam os sinais de radical.
  • Não fazer cis(π) = i.
Quem me explica por que é que as pessoas deixam a televisão ligada mesmo quando ninguém está a ver?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Divinos peluches

Apesar dos avanços tecnológicos e culturais das últimas décadas, grande parte da população mundial continua a agarrar-se a ideias retrógradas sem sentido. Estou a falar, nomeadamente, da religião. A religião surgiu na Pré-História com vários objectivos, uns bons e outros maus, por exemplo: explicar fenómenos naturais que as pessoas não compreendiam, unir grandes grupos de pessoas desligadas umas das outras, estabelecer princípios morais e justificar a autoridade dos líderes. (Penso que a primeira explicação é a mais provável, mas não me parece que exista um consenso sobre essa matéria.)

Porém, independentemente dos motivos que levaram ao seu aparecimento, a religião é um absurdo. Não existe nenhum fenómeno observável no Universo que possa ser plausivelmente atribuído a alguma divindade. As muitas e graves falhas do mundo em que vivemos contradizem a existência de um ser omnipotente e sumamente bom. As histórias que supostamente explicam o aparecimento de deuses contêm elementos que são indubitavelmente fictícios, o que descredibiliza o resto da história. A título de exemplo: Jesus Cristo pode muito bem ter existido há 2000 anos atrás, mas de certeza não ressuscitou ao terceiro dia, como diz a Bíblia. Nem mesmo hoje conseguimos fazer isso.

Se assim é, por que é que a religião subsiste? Penso que isso acontece porque as pessoas insistem em agarrar-se a alguma coisa e fingir que essa coisa as protege de todos os males concebíveis, por serem, aparentemente, incapazes de enfrentar a realidade tal como é. Nesse aspecto, a religião está para os adultos como os ursinhos de peluche estão para as crianças.

Por fim, há que ter em conta que os ideais religiosos, ao longo dos séculos, têm servido de desculpa para toda a espécie de guerras e massacres, enquanto que não estou a par de nenhuma ocorrência em que a crença em deus algum tenha melhorado significativamente a vida de seja quem for. Não ficaria a humanidade, então, melhor se a religião deixasse de existir?

quarta-feira, 9 de junho de 2010

As prioridades da chamada comunicação social


Composição habitual de um telejornal

Há alguns dias atrás:
Tempo dedicado ao desastre petrolífero no Golfo do México: cerca de 1 minuto.
Tempo dedicado ao novo treinador do Porto: pelo menos 3 minutos (até passaram o discurso do homem e tudo).
E ainda me vêm dizer que devia ver o telejornal.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dêem-me um exame e eu deitarei abaixo o mundo

Apesar de as aulas terem acabado hoje, ainda há um último obstáculo a ultrapassar antes que nos possamos ver livres do secundário para todo o sempre. Esse obstáculo é a realização dos exames nacionais, que são cruciais para se poder ingressar numa universidade e, posteriormente, obter um emprego decente.

Em resultado disto, e como alguns sabem muito bem e outros, possivelmente, preferirão não recordar, a aproximação da época de exames provoca um súbito e tremendo nervosismo em (aparentemente) 99,9% dos alunos. As consequências deste nervosismo variam, mas, em muitos casos, afectam negativamente as notas obtidas pelos ditos alunos nos exames.

Este nervosismo é sintomático daquilo que está mais errado nos exames: a sua importância exagerada para a continuação da vida académica e profissional dos estudantes. Uma falha grave num exame, ao contrário do que aconteceria noutro momento qualquer do ano lectivo, pode ter consequências catastróficas a longo prazo. Quase não existe a possibilidade de corrigir tais erros - a 2ª e subsequentes fases não contam, visto que é muito mais difícil e moroso entrar na universidade nessas fases do que na 1ª. Existe, portanto, uma enorme pressão sobre os alunos que agora concluem o 12º ano para que obtenham notas elevadas nos exames, especialmente no caso muito comum daqueles cuja média do secundário mal chega para entrar no curso desejado. Isto, como é evidente, cria uma aura de medo à volta dos exames, a qual põe os alunos num estado de nervos.

Por que é que este tipo de avaliação pontual é tão falível? Porque, num dado momento, uma pessoa pode estar sujeita a uma variedade de circunstâncias, muitas das quais não controlam: amnésia, má disposição, e, sobretudo, o nervosismo. Todas estas situações podem alterar drasticamente (e para baixo) a nota do exame, sem terem, no entanto, qualquer relevância para a determinação das capacidades do aluno na matéria que é objecto de exame. Pior, o facto de a nota estar dependente deste tipo de factores contribui para aumentar o nervosismo dos examinandos... sendo o nervosismo um dos factores que acabei de mencionar! Ou seja, a natureza dos exames cria um círculo vicioso de medo, com resultados previsivelmente desastrosos, novamente sob a forma de classificações reduzidas nas provas.

Este círculo só poderá ser quebrado eliminando o problema que o criou em primeiro lugar, a fulcralidade dos exames. Por exemplo, se cada exame tivesse nem que fossem duas chamadas em vez de uma, penso que o problema que existe actualmente seria, no mínimo, significativamente mitigado (pois deixaria de existir a pressão de obter um bom resultado à primeira e única oportunidade). Uma análise um pouco mais profunda e criativa certamente conseguiria chegar a uma solução muito melhor e mais viável.

Os exames, nos moldes em que existem actualmente, são, portanto, uma ideia destinada ao fracasso desde o princípio.

Acabou-se. A partir deste momento não tenho mais nenhuma aula nesta miséria a que chamam ensino secundário.