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domingo, 27 de junho de 2010

Promoção Alçada: chumbe um, passe dois

Esta é outra ideia que é completamente descabida. Como é que diabo um aluno que chumbou no 8º ano vai conseguir passar nos exames do 9º e estudar a matéria do 10º? Penso que é humanamente impossível, a não ser que esses exames sejam ridiculamente fáceis. E mesmo que fosse possível, a darem-se oportunidades destas, por que não dá-las a quem as poderia aproveitar, nomeadamente alunos com notas excelentes (como cincos a quase tudo), em vez de as dar a quem menos as merece? Chamam a isto "facilitista", mas eu não estou a ver esta ideia a facilitar o percurso escolar de nenhum aluno, a não ser que se trate de um craque que chumbe de propósito para saltar o 9º ano, coisa que me parece muito pouco plausível.

Isabel Alçada defende esta medida dizendo que é "transitória", o que é irrelevante para o assunto. Não interessa se é transitória, é ridícula. E, nesta lenta imitação de país, muitas coisas "transitórias" acabam por se tornar permanentes. E ainda mais ridículas do que o que já são.

sábado, 26 de junho de 2010

EB de Fitares: fazem-se casamentos

No dia 24, li uma notícia bizarra no jornal i: constava que, na noite do sábado anterior, uma empregada do refeitório da Escola Básica de Fitares tinha realizado a sua festa de casamento na escola. A festa, ao que parece, foi tão animada que até se dispararam tiros de madrugada. A parte mais hilariante, porém, é que a festa foi autorizada pela directora da escola, que está de consciência tão tranquila que mandou calar toda a gente dentro da instituição.

Não entendo como é que uma coisa destas acontece. Mas por que raio havia alguém de se lembrar de festejar um casamento numa escola? Só um cemitério seria um local menos apropriado para fazer tal coisa, ainda por cima a meio da noite, quando, supostamente, as escolas fecham todas.

Se alguma coisa demonstra a incompetência de certas pessoas neste país, é isto. A senhora directora, quando confrontada com o sucedido, desviou imediatamente a conversa e afirmou que "todos os dias há assaltos nas escolas" (referindo-se a um furto que ocorrera na mesma escola na sexta-feira anterior à noite), o que, tecnicamente, é mentira porque, segundo o Ministério da Educação, não há assaltos que cheguem para todos os dias do ano. Como diz este bloguista e bem, por que diabo é que nem se fecha aquela escola nem se demite a direcção? Típica incompetência portuguesa (peço desculpa pela repetição, mas isto não tem mesmo outro nome).

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O mundo acabou.

O exame de Matemática já está feito. Agora já estou oficialmente de férias. Fantástico. Agora só faltam alguns meses para me ir embora. Entretanto, vou (tentar) aproveitar a luz solar que, a partir de hoje, vai começar a escassear. (Não devia ter mencionado isto, é um bocado deprimente.)

Já agora, neste momento estou a assar de calor e é quase meia-noite. Que diabo se passa?

domingo, 20 de junho de 2010

Exame de matemática, aí vou eu

Amanhã o mundo vai acabar. Logo no dia mais longo do ano. Seria uma enorme desfeita se eu não quisesse que o mundo acabasse.
Bem, isto assumindo que não me esqueço de:
  • Não confundir maior com menor.
  • Ver bem onde é que acabam os sinais de radical.
  • Não fazer cis(π) = i.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Dêem-me um exame e eu deitarei abaixo o mundo

Apesar de as aulas terem acabado hoje, ainda há um último obstáculo a ultrapassar antes que nos possamos ver livres do secundário para todo o sempre. Esse obstáculo é a realização dos exames nacionais, que são cruciais para se poder ingressar numa universidade e, posteriormente, obter um emprego decente.

Em resultado disto, e como alguns sabem muito bem e outros, possivelmente, preferirão não recordar, a aproximação da época de exames provoca um súbito e tremendo nervosismo em (aparentemente) 99,9% dos alunos. As consequências deste nervosismo variam, mas, em muitos casos, afectam negativamente as notas obtidas pelos ditos alunos nos exames.

Este nervosismo é sintomático daquilo que está mais errado nos exames: a sua importância exagerada para a continuação da vida académica e profissional dos estudantes. Uma falha grave num exame, ao contrário do que aconteceria noutro momento qualquer do ano lectivo, pode ter consequências catastróficas a longo prazo. Quase não existe a possibilidade de corrigir tais erros - a 2ª e subsequentes fases não contam, visto que é muito mais difícil e moroso entrar na universidade nessas fases do que na 1ª. Existe, portanto, uma enorme pressão sobre os alunos que agora concluem o 12º ano para que obtenham notas elevadas nos exames, especialmente no caso muito comum daqueles cuja média do secundário mal chega para entrar no curso desejado. Isto, como é evidente, cria uma aura de medo à volta dos exames, a qual põe os alunos num estado de nervos.

Por que é que este tipo de avaliação pontual é tão falível? Porque, num dado momento, uma pessoa pode estar sujeita a uma variedade de circunstâncias, muitas das quais não controlam: amnésia, má disposição, e, sobretudo, o nervosismo. Todas estas situações podem alterar drasticamente (e para baixo) a nota do exame, sem terem, no entanto, qualquer relevância para a determinação das capacidades do aluno na matéria que é objecto de exame. Pior, o facto de a nota estar dependente deste tipo de factores contribui para aumentar o nervosismo dos examinandos... sendo o nervosismo um dos factores que acabei de mencionar! Ou seja, a natureza dos exames cria um círculo vicioso de medo, com resultados previsivelmente desastrosos, novamente sob a forma de classificações reduzidas nas provas.

Este círculo só poderá ser quebrado eliminando o problema que o criou em primeiro lugar, a fulcralidade dos exames. Por exemplo, se cada exame tivesse nem que fossem duas chamadas em vez de uma, penso que o problema que existe actualmente seria, no mínimo, significativamente mitigado (pois deixaria de existir a pressão de obter um bom resultado à primeira e única oportunidade). Uma análise um pouco mais profunda e criativa certamente conseguiria chegar a uma solução muito melhor e mais viável.

Os exames, nos moldes em que existem actualmente, são, portanto, uma ideia destinada ao fracasso desde o princípio.

Acabou-se. A partir deste momento não tenho mais nenhuma aula nesta miséria a que chamam ensino secundário.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

O mundo vai acabar (e eu gosto disso)

Como é sabido, o presente ano lectivo está prestes a terminar. Para a maioria daqueles que, infelizmente, frequentam o 12º ano de escolaridade, a este fim segue-se uma ida prolongada para uma qualquer universidade.

Mal posso esperar que isso aconteça.

Para mim, já chega disto. Estou farto de gastar o meu tempo com coisas que não servem para rigorosamente nada nem me interessam minimamente (Área de Projecto, Português e, especialmente, Educação Física). Em comparação, os cursos de Engenharia Informática que tenho analisado são principalmente compostos por cadeiras sobre matemática e programação (e tópicos relacionados). Maravilha. Pelo menos para mim.

Já desliguei completamente destes trabalhos de xaxa. Só continuo a andar devido à inércia de mais de uma década. Felizmente, não se esgotará totalmente antes que o mundo comece a acabar em 21 de Junho (data do exame de Matemática).

Agrada-me pensar que tudo isto vai pelo cano abaixo dentro de pouco tempo (ao contrário de certas pessoas). A presença constante da minha família próxima. A sucessão constante e fútil dos anos lectivos. Todo este espaço, o meu quarto, esta casa, esta cidade. Tudo este mundo vai acabar por ser obliterado definitivamente da minha vida. Não logo em Setembro, mas passados 1 ou 2 anos. E isso é bom.

Não estou minimamente interessado em prender-me àquilo que será, em breve, o meu passado. Este mundo já passou o prazo de validade há mais de um ano. Está mais que na altura de o trocar por um novo, um mundo onde possa focar a minha atenção em matérias que me interessam, lidar sozinho (de preferência) com quaisquer problemas que me surjam, e estar livre da interferência psicológica provocada pela presença dos meus pais. Soa familiar, não soa?

Não vou esconder que tenho um pouco de medo. Este novo mundo, ainda que altamente aliciante, é-me totalmente desconhecido. Não tenho a mínima ideia do que irei fazer quando chegar a Lisboa ou ao Porto (conforme venha a decidir). Não sei o que (e quem) vou encontrar quando começar a frequentar a universidade, nem como reagir àquilo que me aparecerá a frente. Não sei que métodos terei de adoptar para lidar com o (previsivelmente muito) trabalho que o curso que escolhi me colocará. Não sei como me vou sair na avalanche de interessantes desafios, académicos e não só, que encontrarei.

Como menciona o post da MariaEduarda, há coisas de valor que se vão perder parcialmente. Mais particularmente o contacto com os amigos. Digo "parcialmente" porque, embora, provavelmente, não os vá ver muitas vezes em pessoa, poderei continuar a comunicar com eles, sempre que não estejam atolados em trabalhos. O mesmo vale para a minha família (que não tenciono visitar com muita frequência. A ideia de regressar ao passado é deprimente).

Viver no novo mundo não será fácil ao princípio. Terei que lidar com todos os problemas que já mencionei e outros inesperados que inevitavelmente surgirão. Mas vale a pena, pois ficarei muito mais perto de atingir dois dos meus três principais sonhos actuais: trablhar na minha área de interesse e tornar-me independente dos meus pais. Aliás, o terceiro sonho também poderá realizar-se, dependendo da minha sorte e das habilidades sociais que eu venha a ganhar. Num mundo onde tudo é novo, tudo é possível.

O fim do mundo começa a 21 de Julho e acaba algures em Setembro. O período das férias de Verão, que medeia estas datas será, assim, uma espécie de limbo. Mas um limbo agradável. Pelo menos, assim o espero.

Que venha o fim do mundo!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Terminou (não-)oficialmente o suplício

Não foi na sexta-feira, mas enfim. Acabou-se. A partir de hoje não tenho mais trabalhos da escola com que me preocupar (sem contar algum trabalho de casa manhoso). Nada como a semana passada, que foi gasta com as coisas mais insossas que se possa imaginar. (Um trabalho sobre basquetebol e um relatório de Área de Projecto. Blherk.)

Agora, vou dedicar o meu tempo a coisas de maior interesse. Como o seguinte:

len = $*.pop.to_i
result = ""
words = []

$*.each {|source| words += File.read(source).split if File.file?(source) }

len.times { result += " " + words.sample }
puts result

Dou um rebuçado a quem souber o que é isto.

terça-feira, 16 de março de 2010

Área de Papelada

Uma das disciplinas obrigatórias no 12º ano (que, infelizmente, frequento) é a Área de Projecto. A descrição habitualmente dada da disciplina, e que se poderá inferir do seu nome, é bastante favorável: fica-se um ano lectivo inteiro a trabalhar num projecto qualquer para apresentar no final. Porém, basta ir a meia dúzia de aulas para verificar que isso não é verdade. Só começámos a trabalhar na sexta aula (não, a planificação não conta como trabalho feito), e a professora ainda acha que isso foi rápido demais - supostamente, só deviamos começar a trabalhar no 2º período! Imagine-se!

Mas esse não é o maior problema, aliás, com o passar do tempo, descobre-se que é, de longe, o menor. Apesar do nome da disciplina, a avaliação praticamente não tem o projecto em conta. Aquilo que tem em conta é um conjunto de documentos escritos, os quais servem para, essencialmente, registar o progresso do trabalho e (mais frequentemente) fazer "reflexões críticas" quando não se tem nada para dizer. Notavelmente, o diário de bordo, o relatório, e o portefólio (elemento que serve para arquivar os documentos de cada membro do grupo), são todos individuais, apesar de dizerem respeito a um trabalho de grupo. E todos eles têm uma especial ênfase na dita "reflexão crítica", para a qual, infelizmente, não há opiniões de grande monta para utilizar. Isto obriga os alunos a emitir quantidades notáveis de "palha", ou, caso não o consigam fazer, a terem notas miseráveis. Eu quase tive uma nota mais baixa a Área de Projecto que a Educação Física. Poupem-me.

Diz-se, no princípio do ano lectivo, que a Área de Projecto serve para preparar os alunos para realizarem projectos a sério. Como é óbvio, isto é mentira; não consigo imaginar as pessoas no mundo real a perderem o seu tempo com a papelada com que nós temos de lidar. Acho que não ficaria mal aos responsáveis pela criação da Área de Projecto um pouco de honestidade; "Área de Papelada" seria um bom nome para a disciplina, que poderia até manter a sua sigla. Quanto ao seu objectivo, sugiro a explicação "fazer os alunos perder o seu tempo e, ocasionalmente, trabalhar".

Acho que ainda podia ter falado de mais algumas coisas, mas não me vou alongar, caso contrário, fico o resto do dia a escrever. Fica a dica para quem quiser comentar.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Texto! Tirado! Da! Conclusão! De! Um! Certo! Trabalho! Uf!

É necessário inovar! Reencontrar o espírito de equipa que faltou no século XXI! Progredir no tempo! Avançar! Refazer a passarola sem relembrar demasiado o Memorial do Convento! Explodir todos os pressupostos do passado e presente! Saltar para uma nova era de computação digital e mais além! Ultrapassar as limitações do ser humano e reunir numa só entidade o melhor do homem e da máquina! Expandir a civilização humana e não-humana até aos confins de todos os universos! Procurar a derradeira fonte do sentido da existência de tudo! Procurar aquilo que faz das estrelas estrelas e dos planetas planetas! Arruinar séculos de charlatanices e fanfarronices sobre como nunca progrediríamos! Arrasar toda a má reputação que acumulámos no passado! Ir e nunca mais voltar! Usar o virtual para ultrapassar os limites do real, e o real para ultrapassar os limites do virtual! Estabelecer a conexão entre todas as coisas de todos os universos de tudo o mais que os englobe! Unir toda a matéria e toda a energia numa só voz, num só poder, num só ser, e depois dividir tudo outra vez! Ser o que não se foi, o que não se é, e o que não se será!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Associações de Espantalhos

As associações de estudantes são uma coisa curiosa. Curiosa porque, por alturas de Outubro, fazem um espalhafato enorme com cartazes todos pimpados, os quais contêm uma enorme lista de promessas, maioritariamente relacionadas com actividades lúdicas e grandes apoios aos alunos (tipo arquivos de apontamentos) - visto que são o que mais "vende". Para além disso, contêm slogans estranhamente ambiciosos, do tipo "eh pá, vamos mudar tudo e fazer coisas altamente bacanas". Não obstante serem todas as listas bastante similares, uma delas acaba por ganhar.

Uma vez que isso aconteça, os cartazes ficam lá por mais umas semanas, depois desparecem, e nunca mais se ouve falar da AE. A não ser em dois momentos: na altura das viagens de finalistas e no final do ano - quando a AE organiza, regra geral, festas, jogos e mais festas. O resto das propostas, em particular aquelas que consistem em ajudar os alunos ou fazer coisas úteis, ficam esquecidas imediatamente após as eleições.

Dados estes factos, pergunto-me: por que raio se gasta tempo e dinheiro com campanha eleitoral e eleições para a AE se esta última não faz nada digno de nota?

Nota: aqui refiro-me às associações de estudantes do 7º-12º ano; quanto às suas equivalentes universitárias, não me pronuncio, pois não as conheço.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Oxigénio

Apesar de eu não concordar minimamente com os comentários que os meus dois últimos posts receberam, tenho que admitir que têm uma qualidade. Dão que pensar. Porém, a única coisa que daí resulta é um reforço das conclusões a que já cheguei.

Os argumentos que apresentei até agora não foram, claramente, suficientes para refutar de uma vez por todas as teorias escolistas que os comentadores apresentaram, pelo menos aos olhos destes. Parto agora para o cerne da questão, de forma a iluminar os aspectos que, até agora, permanecem intocados pelos comentadores destes posts.

(...) anseias por um mundo sem regras, ou melhor, uma anarquia.

"O Teu Amigo Imaginário", 17 de Janeiro de 2010

Não, eu não anseio por um mundo sem regras. Não é essa a definição de anarquia e não foi o que eu disse em qualquer um dos posts. Aquilo que eu quero é um mundo sem coerção ou tirania (passe a redundância), em que as pessoas não se julguem no direito de impor a sua vontade aos outros.

De facto, a questão da liberdade é fundamental e dela resultam as duas posições antagonistas que surgem representadas neste blog. É o respeito pela liberdade das pessoas que me leva a defender a posição que defendo, não a "rebeldia" como a Dadinha afirma. Não sou capaz de aceitar uma instituição cujo único propósito é impor conhecimentos, doutrinas e socialização aos jovens. Mesmo que estas três coisas sejam boas (e admito que sejam), a coerção não o é, e isso faz toda a diferença. Ao ignorar este facto, os comentadores não vêem o cerne de todos os meus argumentos.

A liberdade é essencial. É o oxigénio da vida, e tal como morremos fisicamente se não respirarmos, a vida perde o sentido quando não temos liberdade. Assim sendo, respeitar o direito à vida implica, necessariamente, respeitar o direito à liberdade. E quando falo em direitos, não é num sentido legal, mas sim na acepção moral e fundamental da palavra, que transcende as normas de todas as sociedades.

Nem sequer se pode alegar que é necessário desrespeitar a liberdade dos jovens para que eles possam crescer; tudo o que se faz na escola pode ser feito fora dela, com um enorme acréscimo de liberdade, eficiência, e, sobretudo, felicidade - pois viver para aquilo que mais gostamos e que mais nos cativa é o que nos faz mais felizes, e isso não é possível se o nosso tempo estiver a ser usurpado por actividades que não nos interessam.

Afinal de contas, ser feliz é o que realmente interessa no meio disto tudo.

Alguém espatife a centralização

É esta parte que te escapa POR COMPLETO quando
descreves a escola. Muito mais que um lugar para
contribuir para estatísticas, é um centro de amizades.


Pensa nisto.

Dadinha, 17 de Janeiro de 2010

Assim fiz, e tenho tanto a dizer que não cabe num comentário.

Suponhamos que a escola deixava de existir. A acontecer isso (e focando-me na socialização dos jovens, que é o tema em discussão), poderia haver prejuízos, benefícios, ambos ou nenhuns, logicamente.

Que prejuízos à socialização poderiam advir do sumiço da escola? Tal como dito no comentário que citei, a escola, entre outros papéis, serve para concentrar um grande número de pessoas no mesmo espaço, fomentando a socialização.
Sendo assim, a questão é: será a escola insubstituível neste papel? Serão as alternativas capazes de o preencher tão bem quanto a escola?
A resposta à primeira pergunta é um não rotundo. Antes de a escola existir, as pessoas socializavam tal como o fazem hoje, sem terem que ser todas compactadas dentro do mesmo edifício. Hoje, o potencial para a socialização não-escolar é ainda maior que antigamente, devido a dois factores:

  • O aumento da densidade populacional significa que o número médio de pessoas na nossa vizinhança aumentou drasticamente. Existe um grande potencial de socialização numa única rua.
  • A Internet providencia-nos uma ligação quase instantânea a milhões de pessoas do mundo inteiro, a (quase) qualquer momento em que estejam acordadas. Há milhares de casos de pessoas que se conhecem e socializam através da Internet e que não se conheceriam sem ela por estarem a sabe-se lá quantos quilómetros de distância. Efectivamente, a rede alarga a nossa área de potencial socialização ao mundo inteiro (e a qualidade da ciber-socialização melhora na razão directa dos constantes avanços tecnológicos).

Há que ter em conta que estes meios "alternativos" de socialização estão muito subutilizados hoje em dia. Os jovens, tristemente, tendem a socializar muito mais na escola do que em qualquer outro sítio. O que significa que as alternativas seriam perfeitamente capazes de suportar os esforços de socialização das pessoas, caso a escola desaparecesse.

Todos estes factores, combinados, provam que a escola é um meio de socialização inteiramente supérfluo e substituível com um esforço mínimo.
Por si só, isto seria suficiente para refutar o argumento da Dadinha. Mas eu não me contento só com isto, obviamente...

Escola vs. socialização

É tão ou mais importante criar laços
com outras pessoas. Aprender a viver em sociedade.
Trabalhar em grupo. Ter amigos. Rir até doer a
barriga. Dançar. Dizer disparates. Ser feliz!

mesmo comentário de antes

O que a Dadinha diz neste comentário é bem verdade. As actividades que ela enumera são, de facto, benéficas para a saúde mental do ser humano. Ora, o argumento dela é o seguinte:

  • As ditas actividades são benéficas.
  • A escola potencia as ditas actividades.
  • Logo, a escola é benéfica.

A segunda premissa é falsa, terrivelmente falsa, de forma quase irónica. As actividades sociais têm todas uma coisa em comum: requrem tempo e boa disposição para se realizarem. Infelizmente, a escola está tão longe quanto possível de aumentar esses dois factores.
Juntamente com a carga de trabalhos que nos é exigida, a frequência das aulas rouba-nos uma quantidade atroz de tempo, o que significa que a escola, na verdade, estrangula a socialização. Como é que alguém pode socializar se tem "trabalhos" para fazer até ao pescoço?
Depois, devido à completa falta de pertinência e interesse dos ditos trabalhos, o nosso estado de humor tende a piorar quando os fazemos, o que degrada significativamente a qualidade da socialização.

Assim, conclui-se que, caso a escola desaparecesse, a socialização sairia grandemente beneficiada - e não prejudicada, como implica o comentário da Dadinha.

Resumindo e concluindo, a escola não só não beneficia a socialização, como, de facto, a prejudica. Todo o tempo que perdemos a "trabalhar" é tempo que podíamos ter passado a socializar.

Pelo precipício abaixo

Nos últimos dias, a conclusão que já tinha confirmada na minha cabeça consolidou-se ainda mais: a escola é perniciosa. Aliás, é mais do que perniciosa - é fundamentalmente maligna.

Aquilo que me pôs a pensar no assunto foi uma sequência de falas da minha professora de Matemática a respeito do tipo de exercícios que saíam nos exames. Isto levou-me à seguinte cadeia de pensamento:

  1. Os esforços da professora estão concentrados em subir as nossas notas nos exames.
  2. Logo, subir as nossas notas nos exames é a principal preocupação dela.
  3. Logo, o verdadeiro objectivo do trabalho escolar é passar nos exames.
  4. Logo, o verdadeiro objectivo do trabalho escolar não é aprender, como é afirmado pelos acólitos pró-escola.

Efectivamente, o foco de muito daquilo a que hoje se chama "pedagogia" é, na verdade, fazer os "alunos" (tenho algum nojo do termo, daí as aspas) passar em exames, cujo objectivo, por sua vez, é... é... é?

Nenhum. A passagem pelos exames não faz de ninguém uma pessoa diferente nem mais ou menos capaz. Não leva a lado nenhum; apenas cria essa ilusão, à qual são vulneráveis todos aqueles que acreditam no escolismo (religião dos já referidos acólitos).

Os quais constituem a

vasta

maioria da população.

É altura de encarar a verdade: a escola existe num vazio. Está totalmente desligada do resto da sociedade e não serve qualquer propósito útil. Todos os objectivos a que se propõe estão ligados a ela própria e todo o trabalho imposto às suas vítimas tem como únicos objectivos dar trabalho e contribuir para subir um conjunto de estatísticas numéricas, as quais não só são completamente irrelevantes como também não têm qualquer significado.

Temos que admitir: fomos bem enganados. Eu, tu, todos os que lêem este post, e todos os que não o lêem, fomos todos enganados de forma muito hábil e com as piores intenções. Pois uma instituição tão hedionda e que, claramente, trabalha para a sua própria sobrevivência (elaborarei sobre este tema depois) não pode ter sido uma criação acidental. Alguém concebeu este sistema e o tornou realidade, inteiramente consciente daquilo que estava a fazer.

O mesmo, porém, não se pode dizer dos professores e mesmo dos governantes de hoje. Tal como nós, jovens, eles também nasceram e vivem no engodo do escolismo. Cometem males terríveis, julgando honestamente que estão a fazer o bem. Pior (e isto demonstra o quão religioso é o escolismo), nenhuma forma de argumentação, boa ou má, consegue libertar as pessoas do engano; se se disser a um escolista que a escola é má, ele responde com perdigotos, brama que o interlocutor está louco, e faz orelhas moucas a todo e qualquer argumento que contrarie a sua posição. Não pode ver a luz, pois nasceu cego.

E a cegueira mental não tem cura.

Nota: Gostaria de frisar que esta opinião não é, de forma alguma, única ou inédita. Desde há algumas décadas atrás que existe um rol interminável de pessoas a defender o mesmo que eu. Pelo que sei, nada melhorou desde então.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Canetas brilhantes

Eu não gosto muito das canetas normais, a não ser que sejam pretas. Isto não se deve a nenhum problema com as canetas normais, mas sim a um outro tipo de canetas com características especiais que, ao contrário destas, têm um valor estético significativo. Falo, claro das canetas brilhantes. Parecem ser igualmente inúteis, mas só diz isso quem ainda não abriu uma lição com uma dessas canetas com o sol a rasar obliquamente a página do caderno. As letras cintilantes são belíssimas (Aliás, quase tudo o que cintila o é). Quase dá vontade de escrever tudo com a caneta brilhante, só que isso a esgotaria muito depressa, e o brilho magnífico da tinta é precioso, de forma que convém poupá-lo para ocasiões especiais, como o início das lições, a escrita dos sumários, ou algum cabeçalho "especial".

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não há espaço para tanta peculiaridade

Hoje, finalmente, tirei o plástico do meu livro de Matemática, e tenho, desde já, vários comentários a fazer. Começarei pela capa.


Capa


O elemento visual mais notável da capa deste livro são os feixes de luz que a adornam no meio e no lado direito, que, embora bastante psicadélicos, não têm qualquer relação discernível com a Matemática. É de destacar, também, as várias mirazinhas que estão desenhadas na metade inferior, uma das quais tem um 6 escrito lá dentro. Talvez queiram dizer que o livro contém muita precisão, mas para isso bastava uma mira grande, não?

Há, também, quatro figuras que parecem lemes. Isto surpreende-me; eu não sabia que a Matemática era um barco. Pelo menos, fico a saber por que é que os alunos sentem tanta dificuldade em governá-lo.

Outra coisa que me chamou a atenção foi a imagem de uma calculadora que está perto do canto superior esquerdo. De facto, faz sentido mostrar uma calculadora num livro de Matemática, só que esta é uma calculadora básica (que ainda por cima tem aspecto de ser bastante antiga) e o livro é do 12º ano. Dadas as notas dos alunos nos exames de Matemática desse ano, no ano lectivo anterior, talvez uma imagem do HAL 9000 fosse mais adequada.

Felizmente, no meio disto tudo, há elementos que fazem sentido, nomeadamente a grelha quadriculada e os pontinhos luminosos espalhados pela capa, bem como o conjunto de linhas, do lado direito, acima do título, que parece uma régua (embora eu desconheça em que unidades está).


Segunda capa


É mesmo preciso ter um duplicado da capa na primeira página do livro? (Note-se que isto é um problema comum a todos os livros).


Introdução


Esta é a parte do livro que não diz nada de interessante, e que, por isso, ninguém lê. Os dois primeiros parágrafos não têm mesmo nada que se lhes diga, ou melhor, nada que o aluno não soubesse já ou não notasse depois de avançar para o resto do livro. Segue-se uma lista dos três temas tratados no manual - que, curiosamente, é repetida mais 3 vezes nas páginas seguintes.

A seguir, refere que o programa é descrito no início do livro. É importante referir isto. Tipicamente, o professor só faz menção do programa no fim do ano, quando vem dizer se foi todo dado ou não.

Segue-se uma escalpelização da natureza dos exercícios apresentados ao longo do livro. Essencial à compreensão dos exercícios, claro.

Depois, menciona a atenção dada à "avaliação formativa" e à auto-avaliação. Nos já sabemos, visto que temos que arcar com ela no fim de cada período lectivo. E, por fim, refere a importância da orientação do professor, sendo que a palavra vem escrita em negrito e iniciada com letra maiúscula. Note-se que a palavra "aluno" não merece esse tratamento. Isto é exactamente o oposto do que o governo teria feito, se tivesse escrito esta introdução.

(Mesmo lá no canto, refere que o texto foi escrito pelos autores do livro; mais uma vez, obrigado! É informação bastante valiosa, que até vem mencionada na capa e tudo.)


Estrutura do manual


Nesta secção, é explicado ao aluno o que são e para que servem as várias secções do livro. Claro que um aluno do 12º ano não tem aptidões suficientes para as compreender sozinho.


Programa


A pequena introdução da página 6 refere que o manual foi concebido segundo o programa de Matemática A do 12º ano. Mais uma vez, um pormenor que escaparia a qualquer aluno mais desatento. Também afirma que os novos conteúdos se "articulam" com conteúdos antigos. Isto é uma desilusão para todos aqueles que confiavam, tal como indicado pela calculadora da capa, que a matéria seria suficientemente fácil para ser compreendida sem conhecimentos prévios de Matemática.


Contracapa


A contracapa, principalmente, é uma repetição da capa, com o fundo encolhido e metido para um lado (e sem a calculadora). De maior importância é o facto de apresentar os principais pontos de marketing deste manual escolar. Uns são óbvios (adequação ao novo currículo do ensino secundário), outros são vagos (oferta de "novas perspectivas de trabalho", diversidade de situações de ensino, apoio ao desenvolvimento de competências essenciais, valorização do trabalho dos alunos e dos professores) - característica que é típica em textos de marketing -, e outros não fazem qualquer sentido (educação para a cidadania? O que é que as matérias explicadas no livro têm a ver com cidadania?).


Redundância


Só para terminar, gostaria de referir um pormenor curioso. Tirando o título na capa e na página de direitos de autor, o facto de que este livro é dedicado ao 12º ano de escolaridade é referido 11 vezes, e o de que se foca em alunos do Ensino Secundário aparece mencionado 4 vezes. Como se o aluno portador deste livro já não estivesse farto de o saber. (Pensando bem, se calhar alguns ainda não sabem.)