quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Os bebés do ano

Acho piada a todas as reportagens que se fazem no fim/princípio de um ano, tanto as que enunciam os desastres e as peripécias (tipicamente, mais os desastres, como é habitual), como aquelas que vão a hospitais dar tempo de antena a bebés perfeitamente normais pelo simples facto de serem o primeiro ou último do ano. No último caso até nos dão informação sobre a altura e o peso do bebé, porque afinal de contas, este bebé é o Messias do nosso país e temos que garantir que cresce saudável.

Também é engraçada toda a fanfarra que se faz em volta da passagem de ano, com todos os foguetes e espectáculos (e às vezes bebedeira, se bem que isso não seja exclusivo a esta ocasião). Ou aquela estranha tradição de comer 12 passas à noite na esperança de que algum desejo da pessoa que as ingere seja realizado. Espero que hoje em dia ninguém acredite nisso, mas convém lembrar que há gente (maioritariamente crianças) que acredita no Pai Natal, por isso não digo nada.

Com tudo isto, não quero dizer que não seja divertido fazer este tipo de festa, nem que a passagem de ano seja uma má altura para a fazer, mas simplesmente que não tem significado nenhum, ao contrário do que aparenta. Em boa verdade, a cada instante, começa um novo segundo, um novo minuto, uma nova hora, um novo dia, um novo mês e um novo ano, bem como outro qualquer período de tempo que possa vir à cabeça de alguém.

No fundo, celebrar o ano novo é como viajar numa auto-estrada e parar na berma para festejar de cada vez que se faz dez quilómetros. Prefiro guardar as comemorações para quando há, de facto, motivo para comemorar.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Os mortos também têm direitos

De todos os objectos inanimados que existem, aqueles que são tratados com mais respeito e reverência são, sem dúvida, os cadáveres. Qualquer outro objecto, quando se estraga ou deixa de ser útil, é simplesmente atirado ao lixo sem cerimónias. Mas se se tratar de um cadáver, tem direito a ser acondicionado numa caixa, a um lugar reservado no subsolo, e a ter uma pedra com o seu nome a marcar esse lugar, completa com flores e todos os outros adereços que os visitantes se lembrem de lá deixar.

Mesmo nos casos em que os familiares são espertos e o cadáver é cremado, a situação não é famosa. Aparentemente, até as cinzas de um defunto têm que ser tratadas e armazenadas de forma condigna. Pergunto-me o que distinguirá as cinzas de um morto das cinzas resultantes da combustão da madeira, ou do papel, ou de outra matéria orgânica qualquer.

E ainda há os funerais. As pessoas, que já estão, sem dúvida, magoadas com a perda dos seus entes queridos, decidem, contra toda a racionalidade, esfregar sal nas feridas e organizar uma cerimónia com o único propósito de pôr toda a gente que for ainda mais triste (Não, os funerais não servem para honrar ninguém. Não se pode honrar uma pessoa que não existe). É das coisas mais contraproducentes que existem, desperdiçar a vida para chorar a morte.

Para quê tudo isto? Para quê todas estas mordomias concedidas aos mortos? É suposto fazer alguém feliz? Os mortos com certeza que não, visto que não têm sentimentos; e os vivos ainda menos, porque a única coisa que fazem é ficar mais tristes do que o que já estão. É tempo, espaço e dinheiro que podia e deveria ser gasto em benefício dos vivos, e não em prol de gente que já nem sequer existe.

Quantas lágrimas e sofrimento se poupariam se as pessoas fossem mais céleres a ultrapassar as suas perdas...

domingo, 5 de junho de 2011

FMI, je t'aime

Finalmente, depois de seis anos de (maioritariamente) asneiradas, José Sócrates, primeiro-bobo ministro deste canto da Europa, vai perder as eleições - tecnicamente, ele "ganhou" as de 2009, embora com maioria relativa, o que acabou por lixá-lo quando toda a oposição se juntou para chumbar o novo e melhorado PEC 4. Não tendo coragem para continuar, demitiu-se. É de facto um acto algo cobarde, mas os portugueses agradecem, creio.

Neste momento, a crer nas sondagens, o PSD vai ganhar as eleições com maioria relativa. Embora ache que a cena política portuguesa poderia estar mais equilibrada (se bem que eu pouco percebo do assunto), fico satisfeito por ver que já não há maioria absoluta para ninguém. Assim o partido vencedor não pode fazer simplesmente o que lhe dá na real gana, o que, está mais que provado, é altamente prejudicial para o país.

Não segui com atenção a campanha, mas hoje li no jornal que o Louçã apelidou o PS, PSD e CDS de "troika-tintas". A designação é acertada, visto que, nas actuais circunstâncias, estes três partidos pouco não são do que "uma coligação de fiscais do FMI", também nas sábias palavras do líder do Bloco de Esquerda. Embora seja lamentável que tenha sido preciso um pacto com o diabo FMI para salvar o país, há que ter em conta que o FMI tem, provavelmente, mais competência para governar Portugal do que a maioria dos políticos portugueses. Entre Sócrates e o FMI, prefiro definitivamente o FMI.

Ainda assim, tendo dito isto, há que ter em conta que Pedro Passos Coelho, que eu me lembre, nunca governou este país. Apesar de ser difícil fiar-me em políticos de qualquer estirpe, vou dar-lhe o benefício da dúvida; pode ser que desta vez nos saia alguma coisa de jeito. Portanto, não lancemos ovos antes da festa.

Sinceramente, não faço ideia em quem haveria de votar, se tivesse idade para tal. Possivelmente votaria em branco. Simplesmente não sou capaz de me fiar muito em qualquer um dos partidos. Embora, claro, espere que o partido que ganhar as eleições faça um bom trabalho (para variar) e bom uso da ajuda externa que Portugal vai receber nos próximos anos.

Todos nós sabemos que bem é preciso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dos grevinistas

Isto já se está a tornar ridículo. Se esta greve perpétua fosse realmente beneficiar os maquinistas, até era admissível. Mas não está a dar em nada (aliás, está a prejudicá-los visto que estas coisas são-lhes justamente descontadas no salário), pelo que se conclui que os indivíduos ou são extremamente burros (muito pouco provável) ou estão a fazer birra só porque sim. E para além de birrentos, estão ser bastante egoístas. Têm noção dos milhares de pessoas que andam de comboio (nota: eu incluído) neste país? Têm noção que estão a atrapalhar as deslocações desta gente toda completamente em vão? Pensam que toda a gente tem/pode ter/quer ter um carro? Por muito mal que estejam, é imperativo que entendam que continuarem com esta birra não vai levar ninguém a lado nenhum, tanto em sentido literal como figurado.

Se estamos realmente num buraco, então parar de trabalhar de certeza não nos vai tirar de lá, antes pelo contrário, só nos enterra ainda mais (e depois queixam-se que o país anda mal!). É precisamente em alturas de dificuldade que toda a gente tem que redobrar os esforços para ajudar o país a recuperar.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Fails numéricos

2 + 3 = 6
4 + 5 = 10

e hoje, no teste de Métodos Estatísticos:


6 x 0,05 = 0,35

Arquimedes me perdoe.

domingo, 13 de março de 2011

Al-Dominó

Estou absolutamente abismado com o que se está a passar neste preciso momento no Norte de África e no Médio Oriente. Nunca tinha visto uma revolução em cadeia a esta escala e há dois meses nunca teria imaginado que tal iria acontecer. Aqui, é só impressionante, mas na Tunísia e no Egipto, de onde já foram corridos os respectivos ditadores, isto deve ser um sonho. Ou pelo menos será, visto que ambos os países ainda não recuperaram da revolução.

A revolução, aliás, já ali fazia falta há uns tempos. Sabia-se já, e sabe-se ainda mais agora, que a região que agora está on fire é o habitat de regimes ditatoriais tão ou mais repressivos do que o nosso no seu auge, o que tem resultado não só na habitual opressão política mas também em pobreza, desemprego, e desigualdades sociais que fariam o nosso país parecer comunista.




De longe, o caso mais problemático neste momento é o da Líbia. Ao contrário de outros ditadores, que caíram sem grandes derramamentos de sangue, Khadafi parece estar disposto a chacinar todo o povo líbio para se manter no poder, ignorando o facto de que ficará sem ninguém para pilhar, torturar e executar. A resposta dos revolucionários foi igualmente vigorosa, o que levou à libertação da maioria da região este do país. Infelizmente, a partir de ontem o exército do ditador tem ganho terreno e já reconquistou uma cidade e cercou outra (não me lembro dos nomes). Diz-se que, se as tropas chegarem a Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, agora controlada pela oposição, poderão morrer largos milhares de pessoas.

Em virtude desta situação, os pedidos para ajuda internacional têm-se tornado mais intensos. Sinceramente, eu não percebo para que é que serve impor sanções económicas à Líbia. Khadafi é completamente louco. A única forma de o deter é pela força, e certamente que um ataque bem coordenado o esmagaria como uma barata, o que é apenas uma pequena parte daquilo que ele merece pelo mal que infligiu ao povo líbio.

Espero, claro, que não seja preciso descer ao nível daquela criatura e que seja possível levá-la à justiça. Já não pudemos julgar Hitler, não deixemos agora escapar Khadafi (bem, talvez a comparação seja ligeiramente exagerada).

É pena que o inferno não exista, porque seria a pena perfeita para ele.

terça-feira, 1 de março de 2011

Primeiras impressões

Penso que finalmente consegui descobrir por que é que, apesar dos meus medos iniciais, consegui o absolutamente incrível feito de não me ter isolado por completo quando vim para aqui. Ora, parece-me que o factor principal são as primeiras impressões. Apesar de tudo aquilo que construí ao longo dos últimos 6 anos, todos os meus falhanços anteriores estão bem presentes nas mentes de quem me conhece há tanto tempo. Por outro lado, aqui ninguém me conhecia, pelo que tive uma nova oportunidade para deixar uma boa impressão logo ao princípio, o que aparentemente consegui, se calhar até bem demais (às vezes tenho medo de que me suba à cabeça). Também há que ter em conta que estou praticamente no meu "ambiente natural", o que explica por que é que me consigo dar com quase toda a gente (refiro-me a caloiros de Informática, claro, não a faculdade inteira, isso era impossível, mas impossível não existe porque eu provei-o quando vim para cá e fiz a espécie de brilharete em matéria de vida social que já se sabe, portanto nada de usar a palavra impossível, vamos antes usar o termo "não possível" que, embora signifique exactamente a mesma coisa, não é literalmente a mesma coisa, são strings diferentes). Só há uma coisa que me atrapalha: a falta de temas de conversa. Se os meus queridos colegas começam a discutir futebol, ou o jogo X, Y ou Z, ou uma variedade de outras coisas, kaput, como diria um dos meus (já) ex-professores*. Por outro lado, assim que se fala, por exemplo, de programação, eu começo a desdobrar-me. Tendo em conta o curso onde estou, isto até nem é tão mau quanto isso.


Agora, inté, e bom retorno.


* Eu já acabei o 1º semestre. Acho que nem todos ainda tiveram a mesma sorte.