domingo, 13 de março de 2011

Al-Dominó

Estou absolutamente abismado com o que se está a passar neste preciso momento no Norte de África e no Médio Oriente. Nunca tinha visto uma revolução em cadeia a esta escala e há dois meses nunca teria imaginado que tal iria acontecer. Aqui, é só impressionante, mas na Tunísia e no Egipto, de onde já foram corridos os respectivos ditadores, isto deve ser um sonho. Ou pelo menos será, visto que ambos os países ainda não recuperaram da revolução.

A revolução, aliás, já ali fazia falta há uns tempos. Sabia-se já, e sabe-se ainda mais agora, que a região que agora está on fire é o habitat de regimes ditatoriais tão ou mais repressivos do que o nosso no seu auge, o que tem resultado não só na habitual opressão política mas também em pobreza, desemprego, e desigualdades sociais que fariam o nosso país parecer comunista.




De longe, o caso mais problemático neste momento é o da Líbia. Ao contrário de outros ditadores, que caíram sem grandes derramamentos de sangue, Khadafi parece estar disposto a chacinar todo o povo líbio para se manter no poder, ignorando o facto de que ficará sem ninguém para pilhar, torturar e executar. A resposta dos revolucionários foi igualmente vigorosa, o que levou à libertação da maioria da região este do país. Infelizmente, a partir de ontem o exército do ditador tem ganho terreno e já reconquistou uma cidade e cercou outra (não me lembro dos nomes). Diz-se que, se as tropas chegarem a Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, agora controlada pela oposição, poderão morrer largos milhares de pessoas.

Em virtude desta situação, os pedidos para ajuda internacional têm-se tornado mais intensos. Sinceramente, eu não percebo para que é que serve impor sanções económicas à Líbia. Khadafi é completamente louco. A única forma de o deter é pela força, e certamente que um ataque bem coordenado o esmagaria como uma barata, o que é apenas uma pequena parte daquilo que ele merece pelo mal que infligiu ao povo líbio.

Espero, claro, que não seja preciso descer ao nível daquela criatura e que seja possível levá-la à justiça. Já não pudemos julgar Hitler, não deixemos agora escapar Khadafi (bem, talvez a comparação seja ligeiramente exagerada).

É pena que o inferno não exista, porque seria a pena perfeita para ele.

terça-feira, 1 de março de 2011

Primeiras impressões

Penso que finalmente consegui descobrir por que é que, apesar dos meus medos iniciais, consegui o absolutamente incrível feito de não me ter isolado por completo quando vim para aqui. Ora, parece-me que o factor principal são as primeiras impressões. Apesar de tudo aquilo que construí ao longo dos últimos 6 anos, todos os meus falhanços anteriores estão bem presentes nas mentes de quem me conhece há tanto tempo. Por outro lado, aqui ninguém me conhecia, pelo que tive uma nova oportunidade para deixar uma boa impressão logo ao princípio, o que aparentemente consegui, se calhar até bem demais (às vezes tenho medo de que me suba à cabeça). Também há que ter em conta que estou praticamente no meu "ambiente natural", o que explica por que é que me consigo dar com quase toda a gente (refiro-me a caloiros de Informática, claro, não a faculdade inteira, isso era impossível, mas impossível não existe porque eu provei-o quando vim para cá e fiz a espécie de brilharete em matéria de vida social que já se sabe, portanto nada de usar a palavra impossível, vamos antes usar o termo "não possível" que, embora signifique exactamente a mesma coisa, não é literalmente a mesma coisa, são strings diferentes). Só há uma coisa que me atrapalha: a falta de temas de conversa. Se os meus queridos colegas começam a discutir futebol, ou o jogo X, Y ou Z, ou uma variedade de outras coisas, kaput, como diria um dos meus (já) ex-professores*. Por outro lado, assim que se fala, por exemplo, de programação, eu começo a desdobrar-me. Tendo em conta o curso onde estou, isto até nem é tão mau quanto isso.


Agora, inté, e bom retorno.


* Eu já acabei o 1º semestre. Acho que nem todos ainda tiveram a mesma sorte.