É esta parte que te escapa POR COMPLETO quando
descreves a escola. Muito mais que um lugar para
contribuir para estatísticas, é um centro de amizades.
Pensa nisto.
Dadinha, 17 de Janeiro de 2010
Assim fiz, e tenho tanto a dizer que não cabe num comentário.
Suponhamos que a escola deixava de existir. A acontecer isso (e focando-me na socialização dos jovens, que é o tema em discussão), poderia haver prejuízos, benefícios, ambos ou nenhuns, logicamente.
Que prejuízos à socialização poderiam advir do sumiço da escola? Tal como dito no comentário que citei, a escola, entre outros papéis, serve para concentrar um grande número de pessoas no mesmo espaço, fomentando a socialização.
Sendo assim, a questão é: será a escola insubstituível neste papel? Serão as alternativas capazes de o preencher tão bem quanto a escola?
A resposta à primeira pergunta é um não rotundo. Antes de a escola existir, as pessoas socializavam tal como o fazem hoje, sem terem que ser todas compactadas dentro do mesmo edifício. Hoje, o potencial para a socialização não-escolar é ainda maior que antigamente, devido a dois factores:
- O aumento da densidade populacional significa que o número médio de pessoas na nossa vizinhança aumentou drasticamente. Existe um grande potencial de socialização numa única rua.
- A Internet providencia-nos uma ligação quase instantânea a milhões de pessoas do mundo inteiro, a (quase) qualquer momento em que estejam acordadas. Há milhares de casos de pessoas que se conhecem e socializam através da Internet e que não se conheceriam sem ela por estarem a sabe-se lá quantos quilómetros de distância. Efectivamente, a rede alarga a nossa área de potencial socialização ao mundo inteiro (e a qualidade da ciber-socialização melhora na razão directa dos constantes avanços tecnológicos).
Há que ter em conta que estes meios "alternativos" de socialização estão muito subutilizados hoje em dia. Os jovens, tristemente, tendem a socializar muito mais na escola do que em qualquer outro sítio. O que significa que as alternativas seriam perfeitamente capazes de suportar os esforços de socialização das pessoas, caso a escola desaparecesse.
Todos estes factores, combinados, provam que a escola é um meio de socialização inteiramente supérfluo e substituível com um esforço mínimo.
Por si só, isto seria suficiente para refutar o argumento da Dadinha. Mas eu não me contento só com isto, obviamente...
Escola vs. socialização
É tão ou mais importante criar laços
com outras pessoas. Aprender a viver em sociedade.
Trabalhar em grupo. Ter amigos. Rir até doer a
barriga. Dançar. Dizer disparates. Ser feliz!
mesmo comentário de antes
O que a Dadinha diz neste comentário é bem verdade. As actividades que ela enumera são, de facto, benéficas para a saúde mental do ser humano. Ora, o argumento dela é o seguinte:
- As ditas actividades são benéficas.
- A escola potencia as ditas actividades.
- Logo, a escola é benéfica.
A segunda premissa é falsa, terrivelmente falsa, de forma quase irónica. As actividades sociais têm todas uma coisa em comum: requrem tempo e boa disposição para se realizarem. Infelizmente, a escola está tão longe quanto possível de aumentar esses dois factores.
Juntamente com a carga de trabalhos que nos é exigida, a frequência das aulas rouba-nos uma quantidade atroz de tempo, o que significa que a escola, na verdade, estrangula a socialização. Como é que alguém pode socializar se tem "trabalhos" para fazer até ao pescoço?
Depois, devido à completa falta de pertinência e interesse dos ditos trabalhos, o nosso estado de humor tende a piorar quando os fazemos, o que degrada significativamente a qualidade da socialização.
Assim, conclui-se que, caso a escola desaparecesse, a socialização sairia grandemente beneficiada - e não prejudicada, como implica o comentário da Dadinha.
Resumindo e concluindo, a escola não só não beneficia a socialização, como, de facto, a prejudica. Todo o tempo que perdemos a "trabalhar" é tempo que podíamos ter passado a socializar.