sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Canetas brilhantes

Eu não gosto muito das canetas normais, a não ser que sejam pretas. Isto não se deve a nenhum problema com as canetas normais, mas sim a um outro tipo de canetas com características especiais que, ao contrário destas, têm um valor estético significativo. Falo, claro das canetas brilhantes. Parecem ser igualmente inúteis, mas só diz isso quem ainda não abriu uma lição com uma dessas canetas com o sol a rasar obliquamente a página do caderno. As letras cintilantes são belíssimas (Aliás, quase tudo o que cintila o é). Quase dá vontade de escrever tudo com a caneta brilhante, só que isso a esgotaria muito depressa, e o brilho magnífico da tinta é precioso, de forma que convém poupá-lo para ocasiões especiais, como o início das lições, a escrita dos sumários, ou algum cabeçalho "especial".

Ajudas à produção

Recentemente, tenho observado que as secções de patrocínios dos programas de televisão deixaram de ser designadas por "patrocínios", passando a ser utilizada a nomenclatura "ajudas à produção". Este comportamento é totalmente inesperado e não existe motivo aparente para que tenha acontecido, a não ser a má reputação da palavra "patrocínio". De facto, as pessoas, hoje em dia, parecem considerar toda a publicidade enganosa.
Infelizmente, esta tentativa de esconder os incentivos financeiros à publicidade nos programas é um tiro no pé. As pessoas estavam tão habituadas aos patrocínios que nem reparavam neles. Agora, vêem "ajudas à produção" e são capazes de ter algumas suspeitas.
(É também possível que tudo isto se trate de alguma legislação esquisita, mas tenho dúvidas. Faço notar que não penso que o termo seja falso: apenas julgo que é um uso pouco recomendável da sinonímia.)

sábado, 7 de novembro de 2009

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Eh pá, querem ver que o miudas "crescidas", mentalidades nulas fechou? Que chatice. Era excelente.

Para quem ainda não viu, ainda há a cache do Google.
Premissa 1: um sistema imunitário fraco leva a que tenhamos maior probabilidade de morrer de gripe A.
Premissa 2: o uso frequente de álcool para lavar as mãos enfraquece o sistema imunitário.
Premissa 3: as autoridades de saúde recomendam o uso frequente de álcool para lavar as mãos.

Conclusão: as autoridades de saúde querem que nós morramos de gripe A.

Eu sabia que tinha que haver alguma teoria da conspiração sobre a gripe.

Alguém me explique o que se está a despassar

Uma das banalidades mais curiosas no uso da língua portuguesa é o recurso ao termo "destrocar". Nunca ouvi ninguém fazer-me um pedido para trocar determinada quantia de dinheiro sem utilizar exclusivamente essa palavra. Naturalmente, podemos tirar daqui algumas ilações. Primeiro, estas pessoas são masoquistas, pois pedem precisamente o contrário daquilo que querem. Segundo, são todas anarquistas, pois, tal como eles, opõem-se consistentemente a um sistema estabelecido. Terceiro, têm medo da gripe A, pois estão a tentar, pelo menos subconscientemente, evitar que outros toquem no seu dinheiro (pois a operação de destroca é extremamente simples, especialmente pelo facto de ser impossível sem uma troca prévia).

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Baratas

Toda a sopa tem
pelo menos uma barata.

Há tres tipos de baratas:
as afogadas,
as vivas
e as inexistentes.

As primeiras encontram-se
comendo a sopa; e sabem a podre
do tempo que estiveram mortas.

As segundas só se encontram
depois de se esgotarem as primeiras;
estão à mão, mas não lhas deitamos.
Costumam saber a barata.

As terceiras, como não existem,
têm de se inventar;
uma vez inventadas,
sabem a ar, de não existirem.