domingo, 5 de outubro de 2008

Balanço de quase meia década.

Já não me lembro como foi aquele dia em Setembro de 2004. Sei que tinha uns magros dez anos na altura. Também sei que era pequenino (foram eles que me contaram). Mas não me lembro do momento em que me aproximei pela primeira vez deles. É pena.

Quatro anos depois, estou aqui a escrever, sentado sozinho em frente ao computador, olhando com tanta clareza como possível para o caminho que trilhei até aqui. E, pelo que vejo, concluo que, se alguém me tivesse visto pela última vez há quatro anos, jamais me reconheceria agora. Mudei demasiado para que isso fosse possível, e não só fisicamente. Hoje estou pela primeira vez a ter experiências que naquela altura seriam totalmente impensáveis. Que nem eu, que tão frequentemente devaneio pelos inúmeros caminhos imaginários da minha vida, imaginava na altura. Ou talvez o tenha feito - não tenho forma de saber. Também não interessa. O que interessa é que essas coisas aconteceram.
Há quatro anos, fazer parte de fosse que grupo fosse era senão uma miragem. Sair à noite era uma loucura completa que jamais devia ousar tentar sequer. Dormir fora de casa era tão absurdo como dizer que dois mais dois eram cinco. Ir a bares era para maiores de 16, ponto final.
E onde estou eu hoje? Num grupo de sete pessoas (contando comigo). Seis amigos próximos. Deles quero destacar, desde já, quatro, os que estiveram comigo desde o princípio. São eles a Duda, a Mary, a Ni, e o João. Por três anos eles mantiveram o monopólio das minhas amizades - e, claro, ainda hoje têm uma posição especial no meu mundo. Foi com eles que deixei a infância para trás de vez e entrei, sem grande estardalhaço, na adolescência que agora estou a viver. Foi com eles que passei a achar normal sair de casa e voltar a altas horas da noite. Fazer o que qualquer outro adolescente da minha idade já faria, provavelmente, há mais tempo.
Porém, destes quatro, vou destacar uma pessoa. A Duda. Porque os outros três me ajudaram muito, mas foi primariamente ela que me guiou pelos na altura tenebrosos e obscuros caminhos da socialização.
Na verdade, estas quatro pessoas de que falei fizeram mais por mim nos últimos quatro anos que os meus pais. E foi aos "6 VIP's" que confiei um dos meus segredos mais íntimos. Os meus pais não sabem esse.
Muitos problemas que eu tinha a socializar, foram resolvidos. Os problemas que agora enfrento e que penso que enfrentarei daqui por diante são de uma natureza diferente. Esses, só eu os posso resolver. Há perguntas a que só eu mesmo posso responder, e são, por uma infeliz coincidência, aquelas que são mais difíceis de entender. Isso angustia-me, olhar para algumas coisas e não encontrar um sentido nelas.
E é disso que preciso, acima de tudo. De encontrar um sentido para a vida. Para que nunca chegue o dia em que não saiba o que hei-de fazer a seguir. E tenho de ser eu a delinear o plano. Porque, bem, não faria sentido que não fosse.

9 comentários:

MariaEduarda disse...

Começo por dizer que só por conter no seu conteúdo a palavra "duda", este post é automaticamente nomeado o melhor do milénio.
___________________________


Algures em 2004 conheci o meu actual melhor amigo e espécie de irmão. Posso-me gabar de ter mais que um melhor amigo.
Tempos difíceis passei naquele último trimestre daquele ano. O típico miúdo anti-social que nem se preocupa em mudar. Berrou, esmurrou, magoou, chorou e fugiu. Parecia intocável (mas afinal não era). Surgiu como um génio totalmente ignorante. Aquilo que achava básico ele não sabia. Atar sapatos? Isso existe? Para que preciso de ter amigos? Sair à noite? Isso é para gente com mais de cinquenta anos.
Confusões e mais confusões. Choradeiras e mais choradeiras. No meio de tanta turbulência descobri um feitio que me interessava de alguma maneira. O normal morre pela sua vulgaridade. O que é anormal desperta interesse e sobrevive pela sua diferença. Mas há limites e paciência.
Como se de um íman de tratasse, no meio das confusões entendemo-nos. Não foi? Começou com a magia, e continua com a paixão comum pelo grandioso Gato Fedorento.
Aquele que outrora tinha um metro mal medido, agora é mais alto que eu e tem barba. É em ambos os sentidos, um grande amigo. Mas não pinto tudo de cor de rosa. Sabes que não és uma peça fácil nem o tentas ser. Aceito que queiras marcar a diferença mas tens de ver o limite do sociável e do aceitável pelos teus amigos. Se não te apoio sempre é porque não concordo com o que fazes e tu no fundo sabes que não é o correcto.
De resto, o outro assunto, são opções. És novo e isso entretanto fixa-se. Mas seja qual seja o desfecho, tens o meu apoio como tua amiga.
E as discussões que temos só por ter? Ambos gostamos de argumentar. Até o pimpas dizer "Duda, esse argumento é estúpido. Voltaste ao início." E lá sou eu derrotada. Mas não queremos bem saber quem ganha ou perde. Interessa a nossa pancada de discutir nem que seja sobre o termo "menor" que para ti é ofensivo.

Portanto, a conclusão que faço destes anos é a seguinte:
Ambos aprendemos. Complementamo-nos. Eu ensinei-te a sair, a falar, a comer, a atar sapatos, a conversar, a manter contacto com as pessoas, a reagir, a manter a calma, a trabalhar em grupo. Aprendi a ser tolerante, respeitar a diferença, a ter muita paciência. Tenho-me divertido imenso. Se bem que tenho tido muito trabalho. Sinceramente, devias ponderar uns calmantes. A sério, acho que seria normal. Tens energia a mais, o que apenas te prejudica. Não tens de ter problemas com isso. Devias mesmo, porque tens dias em que, mesmo que não notes, é difícil de controlar.
E as nossas saídas à noite? Ganda moca. Bombou bué. Gostei mesmo muito de ir aos bares e à espécie de discoteca contigo.
Mas bem, por mais que eu escreva nunca vou conseguir escrever tudo o que passei contigo e o que aprendemos. Já ri imenso contigo, já desesperei por não saber o que fazer contigo para controlar os ataques de parvoíce (que não têm outro nome possível). Mas por mais eléctrico que estejes, falas sempre comigo calmamente e és meu amigo. (nem que sejam necessários uns berrozinhos para baixares o tom) Eu aprecio isso em ti. Mesmo que o mundo esteje a desabar, és meu amigo, e eu adoro-te por isso. Adoro-te de verdade. Não estou a mentir ou a ser cínica. É a verdade nua e crua. Por mais longe que possamos estar, fazes sempre um pouco parte de mim. Óptimos momentos passados contigo, brincadeiras parvas sem sentido (e que são só nossas, que por sinal nos divertem), fitas despropositadas que resultam numa semana sem nos falarmos em que tu meditas e eu invento os duda pontos, e todos estes esquemas maravilhásticos que nos unem nem que seja pela idiotice. "Sêmos" dois idiotas amigos e felizes.

Imensos beijinhos meu corrector de erros ortográficos preferido.[Parece-me que o nosso governo não gosta do teu trabalho. Com o novo acordo ortográfico é difícil eu (ou qualquer outro cidadão) cometer calinadas]

MariaEduarda disse...

Peço desculpa pela estupidez de tamanho do meu comentário. xD

Anónimo disse...

Bem realmente foi um comentario grande, duda. Bem eu venho aqui expressar o meu contentamento pelo teu novo post. Ainda me lembro de estares a subir e a descer as escadas do piso 3 durante os intervalos sem sequer tentares olhar para a luz do sol.
Sabes, quando comecei a tentar falar contigo foi complicado. Mais ninguém queria falar contigo e achavam te muito estranho. A directora de turma numa aula falou comigo e perguntou me coisas a teu respeito durante os tempos fora das aulas. Eu nao lhe sabia dizer mt coisa pois apenas te avistava assim a distancia.
Ela pediu me que te tentasse levar para o patio e que te tentasse integrar.
Acho que nunca tinha contado isto a ninguem mas agora fica aqui.
Sinseramente foi uma tarefa complicada.
Depois de eu te perguntar qualquer coisa as unicas respostas que obtinha eram: "sim", "nao" ou "talvez".
So te digo uma coisa: foram tempos complicados para te fazer sair para o patio.
Com algumas conversas acerca dos teus interesses (como os computadores e a programação) consegui que falasses um pouquinho mais comigo.
Acho que o primeiro dia que te consegui levar ao pátio do 3 foi um milagre da natureza. É verdade que foi nessa altura que começaste a falar das situaçoes da tua vida no nosso mini-grupo dessa altura.
(Eu nao acredito que ainda me lembro disto tudo, mas o que escrevi e a verdade, e lembro me).
Sublinho o que a duda disse no comentario, tu es uma pessoa dificil de aturar e de levar.
Sabes acho que desde a altura em que começamos a falar contigo te soltaste mais.
Tabém te começamos a ajudar nos teus problemas, mas havia atitudes que nenhum de nos aprovava.
Enfim, foram os primeiros passos para que o nosso grupinho começasse a tomar forma.
Mas ainda hoje ha coisas que eu nao concordo no teu comportamento, e tu sabes quais sao. No entanto não queres demonstra las nem falar acerca delas porque te incomodam. Nao estou a falar do teu pequeno segredo, nao. Estou a falar da forma como os outros te tratam e da forma como tu retribuis. Por vezes tomas atitudes de um miudo de cinco anos (epa se calhar estou a exagerar, ou talvez nao).
Bem, eu sei que a duda e a pessoa especial a quem tu recorres quase sempre, mas sempre que precises de alguma coisa podes contar comigo.
Só queria dizer mais uma coisa. Manda o egoismo para tras das costas e começa a ajudar as pessoas que te ajudam. Nos estamos sempre la, mas tu tambem devias estar sempre que te pedimos ajuda.
Bem e termino assim. Sabes que es um amigo que vai ficar na memoria.

P.S.: Mais uma coisa, tens de começar a ajudar os outros de forma mais simples e mais correcta (os outros, refiro-me pelo menos as pessoas que te ajudam). Não lhes negas ajuda porque algum dia eles podem negar ajudar te a ti. E acredita que isso e dos piores sentimentos que se pode ter. Sentir se usado. E acredita que eu sei do que estou a falar.

Anónimo disse...

Bem nao escrevi um comentario tao grande como o da duda mas mesmo assim estiquei me um bocado... sorry =P

MariaEduarda disse...

Pois é Coelho, o teu comentário é grande... grande mina de erros.
Ai ai... E comprar uma gramática, não? Enfim coelhoni.. xD


E joaozinho, digas o que disseres, fui eu que me sentei ao lado do pinela nas aulas desde (quase) sempre! Por isso, por direito, o pinela, é MEU. E Assim concluo o meu raciocínio.

MariaEduarda disse...

(pimpas, se houver erros nos meus comentários, agradeço a gentileza de procederes a um comentário de resposta com as respectivas correcções. Muito Obrigada)

Anónimo disse...

para alem das palavras sem acento (k eu axo um desperdicio de tempo por em coisas escritas na net) so tem mais um erro, pk uma palavra "Tabem" so lhe falta um "m" k foi por acaso (acontece kando se tenta escrever depressa...
E por muito k me digas o contrario fui o unico a tentar k ele saisse para o patio no 7º ano... e consegui... com muito esforço pk o pinela nao e uma pessoa facil...

The Purple Teen Wizard disse...

"Mesmo que o mundo esteje a desabar"

eu diria esteja.

"Por isso, por direito, o pinela, é MEU. E Assim concluo o meu raciocínio."

está aí uma vírgula a mais. e uma palavra que devia começar em minúscula...

------------

Não peçam desculpa por terem feito comentários grandes. A extensão dos vossos dizeres é grandemente apreciada pela minha pessoa =P

MariaEduarda disse...

FOSTE O ÚNICO O QUÊ, JOÃO?
Não estejas a roubar a minha importância. xD ahahahah

Muito obrigada pelas correcções pimpas.

(e os acentos não são perda de tempo)