Estou absolutamente abismado com o que se está a passar neste preciso momento no Norte de África e no Médio Oriente. Nunca tinha visto uma revolução em cadeia a esta escala e há dois meses nunca teria imaginado que tal iria acontecer. Aqui, é só impressionante, mas na Tunísia e no Egipto, de onde já foram corridos os respectivos ditadores, isto deve ser um sonho. Ou pelo menos será, visto que ambos os países ainda não recuperaram da revolução.
A revolução, aliás, já ali fazia falta há uns tempos. Sabia-se já, e sabe-se ainda mais agora, que a região que agora está
on fire é o
habitat de regimes ditatoriais tão ou mais repressivos do que o nosso no seu auge, o que tem resultado não só na habitual opressão política mas também em pobreza, desemprego, e desigualdades sociais que fariam o nosso país parecer comunista.
De longe, o caso mais problemático neste momento é o da Líbia. Ao contrário de outros ditadores, que caíram sem grandes derramamentos de sangue, Khadafi parece estar disposto a chacinar todo o povo líbio para se manter no poder, ignorando o facto de que ficará sem ninguém para pilhar, torturar e executar. A resposta dos revolucionários foi igualmente vigorosa, o que levou à libertação da maioria da região este do país. Infelizmente, a partir de ontem o exército do ditador tem ganho terreno e já reconquistou uma cidade e cercou outra (não me lembro dos nomes). Diz-se que, se as tropas chegarem a Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, agora controlada pela oposição, poderão morrer largos milhares de pessoas.
Em virtude desta situação, os pedidos para ajuda internacional têm-se tornado mais intensos. Sinceramente, eu não percebo para que é que serve impor sanções económicas à Líbia. Khadafi é completamente louco. A única forma de o deter é pela força, e certamente que um ataque bem coordenado o esmagaria como uma barata, o que é apenas uma pequena parte daquilo que ele merece pelo mal que infligiu ao povo líbio.
Espero, claro, que não seja preciso descer ao nível daquela criatura e que seja possível levá-la à justiça. Já não pudemos julgar Hitler, não deixemos agora escapar Khadafi (bem, talvez a comparação seja ligeiramente exagerada).
É pena que o inferno não exista, porque seria a pena perfeita para ele.